Estudo

Algumas pessoas em estado vegetativo continuam conscientes

Um grupo de investigadores da Universidade de Birmingham demonstrou, num artigo publicado recentemente na revista JAMA Neurology, que algumas pessoas que se encontram em estado vegetativo estão conscientes e alerta para o que se passa ao seu redor, apesar de parecer que não reagem a estímulos externos.

O seu estudo, segundo o Diário de Notícias, focou-se numa zona do cérebro que faz a ligação entre duas áreas: o córtex motor primário e o tálamo. Os cientistas descobriram que quando há danos estruturais causados nesta área, isso pode impedir as pessoas, embora se mantenham alerta, de reagir a estímulos externos.

"Vários doentes que parecem estar em estado vegetativo estão, na verdade, conscientes de si próprios e do que os rodeia, capazes de compreender o mundo ao seu redor, criar novas memórias e imaginar eventos, tal como outra pessoa qualquer", explicou uma das investigadoras envolvidas no estudo, Davinia Fernández-Espejo, citada num comunicado da Universidade de Birmingham.

Os cientistas aperceberam-se de que quando a ligação entre o tálamo e o córtex motor estava danificada, isso impedia que o primeiro, uma das zonas do cérebro que se considera "um dos centros da consciência", como o diz Fernández-Espejo, comunicasse com o segundo, onde é controlada a atividade muscular voluntária.

Para perceber se os doentes em estado vegetativo estavam, na verdade, alerta, Fernández-Espejo e a sua equipa realizaram vários tipos de análises diferentes em certos doentes. Um deles, embora estivesse há mais de 12 anos em estado aparentemente vegetativo, mostrou-se alerta e consciente numa série de exames diferentes. Um dos testes realizados nos doentes foi pedir-lhes que respondessem a certas ordens - como imaginar que moviam a mão quando lhes era pedido para a moverem - ao mesmo tempo que se analisavam as respostas do seu cérebro.

"O objetivo final é usar esta informação para desenvolver terapias que possam melhorar drasticamente a qualidade de vida dos doentes. Por exemplo, com os novos desenvolvimentos na tecnologia de vida assistida, se conseguirmos que um doente consiga tão-só mover um dedo, isso já abre muitas possibilidades para comunicação e controlo do ambiente", explicou a investigadora.

Fonte: 
Diário de Notícias Online
Nota: 
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