Alergias de Primavera
As alergias não são todas iguais. Esta é uma verdade que diz respeito não só à forma como se manifestam, mas também aos agentes que causam as alergias. Quer isto dizer, que a manifestação de alguns sintomas, num determinado período do ano, caracteriza as alergias de sazonais. Habitualmente, o que causa as alergias de primavera são os pólenes. Já os alergénios, como os ácaros do pó, são responsáveis por alergias perenes, ou seja, as que ocorrem durante todo o ano.
Apesar de haver pólenes no ar atmosférico durante todo o ano, é na Primavera que as concentrações são mais elevadas. Mas, quer nesta estação quer no Verão, surgem outros agentes - por exemplo a alergia a veneno de insectos - que causam reacções alérgicas. Algumas são muito graves, podendo até ser fatais, embora a frequência seja baixa.
É ainda no decorrer da época estival, em que as elevadas temperaturas e as mudanças de ambiente e hábitos, muitas vezes dependentes do período de férias, condicionam o aparecimento de urticárias físicas, como a urticária solar. Estes doentes devem usar filtros solares de alta protecção e tomar anti-histamínicos.
Em Portugal a principal causa de alergia a pólenes são as gramíneas (fenos), muito frequentes na Primavera, atingindo o seu pico máximo habitualmente durante os meses de Maio e Junho. As concentrações dos pólenes existentes no ar, dependem da época de polinização, que é específica para cada planta, coincidindo para a maioria das plantas com a Primavera, pois dá-se uma subida da temperatura. Por isso, de ano para ano, existem variações na época polínica principal, em relação à altura do ano em que ocorre o pico de maior intensidade e em relação às concentrações observadas.
A explicação reside na influência de variáveis meteorológicas: a ocorrência de chuva (previamente à época polínica) condiciona fortes concentrações de pólenes quando a precipitação se interrompe, com os dias quentes e ventosos de Primavera; pelo contrário, um ano seco condiciona uma vaga polínica menos intensa, em particular das plantas mais sensíveis à falta de água, como as gramíneas.
Aconselha-se que consulte regularmente o Boletim Polínico que se encontra disponível todo o ano no site oficial da SPAIC, Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (www.spaic.pt).
Os sintomas
Os sintomas ocorrem na época de maior concentração dos pólenes, sendo desencadeados, em especial, no exterior dos edifícios, sobretudo com tempo quente, seco e ventoso e alteram em muito a qualidade de vida dos doentes alérgicos.
A alergia a pólenes é uma causa frequente de manifestações alérgicas, que podem ser do aparelho respiratório (asma e rinite), dos olhos (conjuntivite) ou da pele (urticária e eczema).
A rinite alérgica é a manifestação mais frequente. Pode atingir até 1/3 da população portuguesa e é caracterizada pela ocorrência de espirros, pelo nariz entupido, pela comichão e o pingo no nariz. Estes sintomas podem ser acompanhados por conjuntivite alérgica (olho vermelho, lacrimejo, comichão e inchaço).
Além da rinite, são igualmente frequentes a asma – dificuldade em respirar, pieira, cansaço fácil e tosse –, a urticária e o eczema – sintomas alérgicos da pele.
Lembrar que a alergia é uma resposta do nosso sistema imunitário a uma substância estranha ao organismo. Quando o sistema imunitário detecta a presença de elementos exteriores que considera perigosos (neste caso, o alergénio) liberta uma proteína designada por Imunoglobulina E (IgE). Esta proteína fixa-se na substância que provocou o alerta imunológico e fomenta a libertação de histamina e outras substâncias. É principalmente a histamina que, nos primeiros minutos, provoca os sintomas alérgicos: espirros, dispneia, prurido, etc.