Afinal, o apêndice não é assim tão inútil
Segundo a investigação levada a cabo por uma professora associada à Faculdade de Medicina Osteopática do Arizona, nos Estados Unidos, o apêndice não é um órgão irrelevante como se pensava ou como se supunha pela falta de informação relevante.
A investigação provou que a finalidade do apêndice assenta na proteção de bactérias benéficas que vivem nos intestinos, escreve a TVI24.
A principal autora, Heather F. Smith, publicou na revista Comptes Rendus Palevol os resultados desta nova investigação, baseada na evolução ao longo dos tempos deste órgão em 533 mamíferos de espécies diferentes.
Estes animais foram selecionados com base na presença e ausência de apêndice e provaram, numa primeira fase, que, segundo os seus traços gastrointestinais, o órgão não está associado a fatores alimentares ou ambientais, como se pensava.
Em contrapartida, Smith e os seus coautores – das Universidades de Duke Medical Center, de Stellenbosch da África do Sul e do Museu Nacional de História Natural em França – descobriram que as espécies com apêndice tendem a ter mais tecido linfático na região do ceco (parte inicial do intestino grosso que recebe o que vem do intestino delgado).
De uma forma resumida, este tecido linfático desempenha uma função de defesa no organismo por fazer parte do sistema imunológico. A sua importância também se caracteriza por estimular o crescimento de bactérias intestinais saudáveis.
O apêndice serve, então, como uma "casa segura" para estas bactérias benéficas ao nosso organismo, resume a Time.
Além disso, a autora justifica que este órgão tem que ser importante, já que, ao longo da evolução destas espécies, nunca desapareceu do organismo.
E para quem removeu o apêndice?
A apendicite é uma das infeções no apêndice que, infelizmente, mais conduz pessoas a cirurgias de remoção do órgão. Mas, felizmente, a autora afirmou que, “em geral, as pessoas que realizaram uma apendicectomia tendem a ser relativamente saudáveis e não apresentam efeitos prejudiciais relevantes”.
No entanto, outros estudos demonstraram que existem efeitos negativos associados, nomeadamente, um maior número de infeções.
[Quem não tem apêndice] pode demorar mais tempo a recuperar de uma doença”, já que está em causa o sistema imunológico, acrescentou.
A autora não deixou de sublinhar a importância que as hipóteses deste estudo podem trazer para novas formas de tratamento e, evidentemente, para a própria evolução do conhecimento médico.