Açores reforçam número de médicos habilitados a fazer autópsias
“Dentro de dois anos teremos finalmente os primeiros médicos especialistas do quadro nos Açores, os quais já estão no segundo ano de internato”, frisou João Pinheiro, vice-presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com o secretário regional da Saúde, em Angra do Heroísmo.
Segundo João Pinheiro, já dois internos manifestaram interesse em exercer a profissão nos Açores, sendo que uma das médicas que está a tirar a especialidade em medicina legal é mesmo natural do arquipélago.
No entanto, até que os internos terminem a especialidade, o instituto de medicina legal vai realizar novos cursos de formação para que médicos de outras especialidades fiquem habilitados a realizar autópsias, no âmbito de um protocolo com o Governo Regional dos Açores, que já não era actualizado desde 2000.
Para o vice-presidente do INMLCF, a dispersão das ilhas e a falta de recursos humanos são os principais entraves a que o instituto garanta um serviço com qualidade semelhante ao que é oferecido no continente português.
“A nossa maior pecha são de facto os recursos humanos, esta actividade tem de ser desenvolvida por pessoas com competências próprias”, frisou, realçando que a medicina legal é uma especialidade médica.
Como o instituto não tem até ao momento “médicos suficientes” no seu quadro para cobrir o todo nacional, tem recorrido à prestação de serviços de médicos de outras especialidades com formação em medicina legal, existindo cerca de uma dezena nos Açores, seis em São Miguel e quatro na ilha Terceira.
O último curso deste género realizado nos Açores ocorreu há cerca de uma década, por isso o próximo para além de reforçar o número de peritos na região vai permitir aos médicos que actualmente realizam autópsias uma actualização de conhecimentos, segundo João Pinheiro.
O vice-presidente do instituto de medicina legal adiantou ainda que estão a contactar pessoas que já exerceram a actividade para que a retomem.
Com mais pessoas qualificadas e dispostas a exercer a actividade será possível, na opinião de João Pinheiro, “responder mais a tempo às perícias”,
Por sua vez, o secretário regional da Saúde dos Açores, Luís Cabral, salientou que este curso vai permitir que os médicos das ilhas mais pequenas o possam frequentar, porque será dado por módulos, com várias deslocações dos formadores à região, evitando-se desta forma que os médicos fiquem sem dar consultas nas suas ilhas durante dois meses.