Fertilidade

Acesso a consultas diminuiu pela primeira vez em 2013

O acesso a primeiras consultas médicas de apoio à fertilidade no Serviço Nacional de Saúde diminuiu pela primeira vez em 2013.

O relatório de acesso ao SNS, de que o iOnline teve conhecimento, revela que houve menos 1600 consultas, uma redução de 8,2%, quando nos últimos dois anos com dados disponíveis os números se mantinham estáveis perto das 7500 consultas.

Os ciclos de tratamento aumentaram 2,6% mas sobretudo devido à evolução positiva dos ciclos de fertilização in vitro. Os ciclos por via da Injecção Intracitoplasmática (ICSI), usada em situações de falência repetida dos ciclos de fertilização ou em casais onde existem problemas mais graves nos homens diminuíram 8,5%. Já os ciclos de indução à ovulação, opção quando não havendo um problema diagnosticado de base é difícil ao casal engravidar e são usados medicamentos para estimular os ovários, diminuíram 10%.

Teresa Almeida Santos, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução, considera o retrocesso nesta área preocupante. A especialista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra aponta como justificação para quebra nas consultas e em alguns tratamentos as dificuldades económicas das famílias mas também a “desestabilização provocada pelo desemprego e emigração”, uma vez que em termos de respostas nos serviços nada se alterou, garante.

No seu hospital, adianta, estiveram mesmo disponíveis mais 300 ciclos de tratamento para colmatar as listas de espera maiores no Sul do país. “Temos cada vez mais casais que faltam às consultas ou desistem mesmo antes de iniciar os tratamentos por não terem capacidade económica”, diz a médica, estimando que no último ano a taxa de faltas rondou os 10%.

Teresa Almeida Santos defende que um dos principais entraves reside na medicação que os casais têm de adquirir por ciclo de tratamento, comparticipada pelo Estado a 69%. “Os ciclos de tratamento são comparticipados mas os 31% que os casais têm de pagar pela medicação chegam a representar 500 euros por ciclo, o que muitos não podem pagar”, diz a médica.

A comparticipação global dos medicamentos foi uma das medidas propostas no relatório feito a pedido pelo governo para incentivar a natalidade do país, documento divulgado há duas semanas. Teresa Almeida Santos considera que esta é a medida mais urgente e lamenta a demora na sua execução após sucessivos apelos públicos da sociedade.

“Estamos a viver um momento dramático. Sobretudo num país que tem a taxa de natalidade mais baixa da Europa, os casais que querem ter filhos não poderem recorrer a técnicas de que precisam por limitações económicas é um pouco triste”, diz a médica, lembrando que “adiar o sonho de ter filhos pode torná-lo impossível”.

 

 

Fonte: 
iOnline
Nota: 
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