Europa quer

Acelerar aprovação de novos antibióticos

A União Europeia quer reduzir o tempo de investigação de novos antibióticos, que atualmente supera uma década. O objetivo é encontrar alternativas, já que os medicamentos mais antigos têm perdido eficácia e não existem novas moléculas no mercado.

Recentemente, a UE publicou um documento que pretende encurtar o tempo de investigação, encontrando as doses adequadas e eficazes no tratamento. Em Portugal as infeções hospitalares afetam um em cada dez doentes, escreve o Diário de Notícias. Só em Gaia uma bactéria multirresistente matou três pessoas e infetou outras dezenas recentemente.

Tal como aconteceu nos Estados Unidos, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) tem tentado adequar a legislação na área dos antibióticos, proteger e aumentar o tempo das patentes e acelerar a investigação, produzindo documentos para a indústria. Agora, o organismo responsável pela avaliação de medicamentos a nível da UE colocou mais um no debate público.

José Artur Paiva, o diretor do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência a Antimicrobianos, diz que é "cada vez mais difícil tratar uma infeção, com o atual aumento das resistências a antibióticos; por outro lado, há menos medicamentos. Arriscamo-nos a viver num mundo sem antibióticos", alerta. Nos próximos tempos, "não está prevista a saída de novas moléculas, é por essa razão que é preciso tentar acelerar a investigação e criar mecanismos que a promovam".

O documento dedica-se ao papel da farmacocinética e da farmacodinâmica. A primeira é a forma como uma droga é absorvida pelo organismo, distribuída e excretada. A segunda estuda o efeito de uma determinada dose da substância na capacidade de matar ou travar o crescimento das bactérias.

Tendo em conta estes princípios, é possível evitar ou encurtar no tempo os estudos de dosagem durante os ensaios clínicos, exemplifica a guideline. Além de se acelerar a investigação, estas análises permitem identificar doses mais adequadas, mais seguras e com menor risco de se desenvolverem resistências.

Na semana passada, peritos de todo o mundo e representantes da Comissão Europeia e do departamento de Saúde dos Estados Unidos reuniram-se para definir estratégias para os próximos cinco anos para travar as resistências.

Quimioterapia e cirurgia em risco
Um estudo do The Lancet calcula que só nos EUA possa haver mais seis mil mortes por ano devido a uma quebra de 30% na eficácia dos antibióticos. Os peritos calculam que a taxa de resistência aos antibióticos seja de 39% a 51% nas bactérias associadas às cirurgias e que, na sequência de quimioterapia, essa taxa seja de quase 27%, o que levanta elevados receios quanto à perda de eficácia dos medicamentos atuais. Se os antibióticos que são dados antes da cirurgia e da quimioterapia perderem 30% de eficácia haverá no mínimo mais 120 mil infeções por ano.

Fonte: 
Diário de Notícias Online
Nota: 
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