Abcesso cerebral
Causas
Quando ocorre uma infecção localizada no cérebro, este reage, ocorrendo inflamação e morte (necrose) de algum tecido cerebral. Há, então, acumulação de fluido, restos celulares, leucócitos e microorganismos. Esta acumulação forma uma massa, que geralmente se torna encapsulada, por uma membrana que se forma nos limites da mesma.
Em resposta à inflamação vai haver edema cerebral, o que juntamente com a lesão vai levar a um aumento da pressão intracraniana, o que, por sua vez, vai agravar os danos e a disfunção cerebral. A somar a tudo isto, existe ainda o material infectado que pode levar ao bloqueio de vasos cerebrais, agravando ainda mais a situação.
O abcesso cerebral pode surgir como complicação de um abcesso epidural, ou de uma afecção do foro otorrinolaringológico, nomeadamente otites crónicas, sinusites crónicas e mastoidites. Nestes casos a infecção resulta de propagação directa através dos ossos do crânio e meninges.
Noutros casos a infecção propaga-se através da corrente sanguínea a partir de localizações à distância: infecções pulmonares, infecções dentárias, infecções cutâneas, infecções ósseas, ou infecções cardíacas.
Os microorganismos podem ainda atingir o tecido cerebral por inoculação directa, no decorrer de uma cirurgia cerebral ou então em consequência de um traumatismo craniano.
Factores de risco
São factores de risco as doenças cardíacas congénitas e anormalidades congénitas dos vasos pulmonares. Situações que acarretam um alto risco de infecção cardíaca ou pulmonar, que pode propagar-se para o cérebro.
Outros factores de risco são a utilização de drogas intravenosas, afecções dos ouvidos ou seios nasais, infecções que cursam com bacteriemia e qualquer condição que cause imunossupressão.
Sintomas e Sinais
Os sintomas podem surgir gradualmente ao longo de duas semanas, ou subitamente, e assim que surgem vão-se agravando progressivamente.
Os sintomas iniciais são, geralmente, cefaleias, perdas neurológicas, ou convulsões.
Assim, podemos ter:
- Cefaleias;
- Rigidez da nuca, ombros ou costas;
- Vómitos;
- Alterações do estado mental:
- Confusão;
- Falta de atenção;
- Irritabilidade;
- Lentidão do pensamento;
- Diminuição da resposta aos estímulos;
- Eventualmente, coma;
- Convulsões;
- Febre;
- Défices neurológicos focais – perdas localizadas da função nervosa:
- Alterações visuais;
- Diminuição da sensibilidade (braço e perna do mesmo lado do corpo);
- Diminuição da mobilidade (braço e perna do mesmo lado do corpo);
- Fraqueza muscular (braço e perna do mesmo lado do corpo);
- Diminuição da fala;
- Perda da coordenação;
- Sinais de hipertensão intra-craniana.
Tratamento
O abcesso cerebral é uma urgência médica: o aumento da pressão intra-craniana pode levar rapidamente à morte.
É necessária hospitalização, até a situação estar estabilizada, sendo que, em alguns casos, é mesmo necessário o recurso a suporte de vida.
O tratamento com antibióticos é o mais indicado, podendo associar-se medicamentos anti-inflamatórios e diuréticos com a finalidade de combater o edema cerebral e, deste modo, a hipertensão intra-craniana.
O tratamento cirúrgico está reservado para situações especiais, como por exemplo, quando a massa não diminui com a terapia antibiótica ou quando há um aumento persistente e progressivo da pressão intra-craniana.
Evolução e prognóstico
Sem tratamento a evolução é inexoravelmente fatal e, mesmo nos casos com tratamento poderá ser mortal.
É uma situação que pode deixar sequelas permanentes, nomeadamente a nível neurológico.
Complicações:
- Meningite, muito grave e potencialmente fatal;
- Epilepsia;
- Perdas neurológicas permanentes (visuais, motoras, da fala).
Prevenção
O tratamento adequado das doenças causadoras pode diminuir o risco de abcesso cerebral, incluindo-se naquele a reparação cirúrgica das anormalidades congénitas.
Deve-se ainda administrar profilacticamente antibióticos a pessoas com patologia valvular cardíaca, antes de procedimentos dentários ou urológicos.