40% dos farmacêuticos vendem antibiótico sem receita quando o paciente é um cão
O teste realizado pela revista DECO PROTESTE, da associação de defesa do consumidor, pretende alertar para o potencial de a prática de venda ilegal de antibióticos sem receita médica contribuir para o aumento do número de bactérias resistentes, que põem em risco a vida humana por não responderem aos tratamentos convencionais.
No teste, que incluiu 100 farmácias escolhidas de forma aleatória por todo o país, a DECO não conseguiu comprar o medicamento pretendido para tratar uma tosse de um cão em 62 casos, em 34 o antibiótico foi vendido e noutros quatro casos foi perguntado se a receita seria entregue mais tarde.
“A maioria informou que se tratava de um antibiótico e, como tal, não poderia ser vendido sem receita médica. O melhor seria consultar o veterinário, disseram. Esta é a atitude correta e a mais responsável. Além de ilegal, a venda de antibióticos sem prescrição médica permite o uso indevido e mostra um ponto de fuga no sistema. Estes medicamentos são cruciais para tratar infeções, mas, em excesso, promovem o desenvolvimento de resistências”, refere um artigo hoje publicado pela DECO.
A DECO afirma que estudos anteriores demonstraram “uma evolução positiva” do comportamento dos farmacêuticos quando o destinatário do antibiótico é humano, questionando a razão para um comportamento diferente quando em causa estão animais.
“Nas últimas décadas, houve um aumento significativo de bactérias multirresistentes em animais domésticos. Muitas encontram-se com frequência na pele e nas mucosas de cães e gatos, e podem ser transmitidas ao homem”, lê-se no artigo.