3º Congresso Internacional da ASPIC

Fundação Calouste Gulbenkian
Av. de Berna, 45 A 1067-001 Lisboa
Portugal
PT
38° 44' 14.7696" N, 9° 9' 17.046" W

“A investigação académica merecia claramente ser muito mais apoiada”, defende Luís Costa, presidente da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (ASPIC) e diretor do Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, que fala na necessidade de uma estrutura capaz de dar resposta às boas ideias nacionais. Alertar para este facto e ajudar a que “se criem as condições mentais para se perceber que precisamos de uma cultura de investigação” é um dos objetivos do 3º ASPIC International Congress, que vai decorrer a 10 e 11 de maio, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e que conta com a participação de oradores, nacionais e internacionais, de destaque nas suas áreas.

O 3º ASPIC International Congress vai mostrar o que de melhor se faz em investigação na área do cancro lá fora, mas também cá dentro. Porque, garante Luís Costa, “há muito valor em Portugal, em termos de investigação, há grupos cujos trabalhos têm reconhecimento internacional. E há também portugueses que foram trabalhar para o estrangeiro e que são neste momento líderes incontestáveis na sua área de investigação”.

Para o especialista, falta ao País “uma cultura de investigação”, falta deitar por terra o mito de que a investigação é sinónimo de trabalho em laboratório. “As pessoas têm que aprender que, quando estão a trabalhar no seu dia-a-dia, na clínica, podem colaborar na investigação. Há investigação muito importante e de ponta, que resulta simplesmente de olhar para os registos oncológicos. Este conceito multidisciplinar da investigação também falta no nosso país e queremos que a ASPIC seja uma oportunidade  para um novo olhar sobre a investigação. Um palco para a investigação séria, independentemente de ser mais básica, mais translacional ou de outro tipo”.

Luís Costa fala ainda na necessidade de “uma plataforma nacional que permita, quando há uma ideia com possibilidade de ser bem-sucedida, pôr o sistema a funcionar, tal como existe noutros países”. Até porque, acrescenta, “a investigação académica em Portugal nunca terá possibilidade de sucesso se não tiver dimensão. E dimensão não é ser superior a Portugal. É ter dimensão nacional, como acontece, por exemplo, com a Áustria, que tem oito milhões de habitantes e consegue fazer estudos que têm, do ponto de vista académico, impacto incontestável a nível internacional. Isto porque as pessoas se organizam, porque colaboram, porque cooperam. Para isso é preciso desenvolver uma cultura de colaboração em Portugal e tem que haver, por parte de quem está neste momento nas condições de direção e poder, a criação da tal infraestrutura capaz de dar pelo menos o apoio formal. Em Portugal não existe ainda o conceito de estudo académico como investimento para o conhecimento”.

Os oncologistas estão cada vez mais  interessados pelos temas mais profundos dentro da ciência oncológica. “Não querem só saber como se avalia um doente cujo cancro está a progredir, mas querem saber porque é que o cancro progrediu, saber de que maneira podemos procurar novas alternativas para compreender o que se passa com os doentes.”

Foi também a pensar nisso que o programa do congresso contempla cinco sessões temáticas, sobre temas como ‘O Tumor e o Hospedeiro’, ‘Tumor e Metabolismo’ ou ‘Invasão e Metastização’, todos na ordem do dia, para além de muitas outras, com o enfoque nas descobertas e inovações na luta contra o cancro.

Uma luta que Luís Costa acredita que ainda vai ser longa. “O cancro está a ser curado, passo a passo. Temos mais sobrevida em cancros em que as pessoas morriam muito mais cedo, estamos a curar muito mais pessoas... A questão é que há cada vez mais cancro e nós temos uma luta que não é só contra a doença, é contra o relógio do tempo.” Os estilos de vida também não ajudam, reforça, salientando que “as pessoas comem demais, fazem pouco exercício físico, expõem-se a agentes cancerígenos por vezes até desconhecidos”. Por isso, considera “ilusório dizer que vamos resolver o problema do cancro de uma só vez. O que queremos é que se torne uma doença cada vez mais crónica e que seja cada vez mais possível curar muitos casos”. 

Pode consultar todas as informações no site do evento, em http://3rdcongress.aspic.pt.

10/05/2018 a 11/05/2018 (ended)
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