316 utentes do Porto apresentam níveis de vitamina D abaixo do adequado
O trabalho foi realizado por seis médicos, sob a chancela da Administração Regional da Saúde do Norte, entre fevereiro e abril em cinco centros de saúde - Arca D´Água (freguesia de Paranhos), Porto Centro (Bonfim), Novo Sentido (Campanhã), Valbom (Gondomar) e Porto Douro (Lordelo do Ouro e Massarelos).
O coordenador do estudo, Bruno Morrão, afirmou que o estudo é "o primeiro do género realizado em Portugal", mas assinalou que o trabalho "apresenta algumas limitações" que podem levar a uma distorção, "uma vez que se trata de uma amostra de conveniência, traduzida nos utentes frequentadores da consulta, o que limita a extrapolação para a população em geral".
O tamanho da amostra “também não foi adequado, tendo-se verificado uma taxa de desistência de 31%", sublinhando o clínico ter-se tratado de "uma medição em massa dos níveis de vitamina D na forma de 25 hidroxivitamina D (Calcidiol)".
Outra limitação encontrada "prende-se com o facto de se ter realizado uma colheita única de sangue, no final do inverno".
"Não havendo colheita de uma amostra para comparação no final do verão, não é possível estabelecer uma relação de causa-efeito entre os níveis de vitamina D encontrados e a exposição solar", lê-se ainda.
Dando conta que "atualmente, os níveis de referência estabelecidos não são ainda consensuais entre as várias sociedades internacionais", aquele que foi "o primeiro estudo realizado em território nacional com estas características", alerta "para o potencial risco de hipovitaminose na população adulta saudável".
"Este foi o primeiro estudo em Portugal do género pelo facto de ter sido selecionada uma população sem quaisquer fatores de risco patológicos para a hipovitaminose D. Por exemplo, as pessoas com Índice de Massa Corporal acima de 30 (definição de obesidade) têm níveis de vitamina D diminuídos não sendo incluídos no estudo por isso mesmo. A nossa população é teoricamente 'saudável'. Nenhum dos outros estudos conhecidos teve em consideração estes fatores", explicou à Lusa Bruno Morrão.
Questionado sobre se as conclusões do estudo apontavam para um problema de saúde pública, o clínico respondeu que os números alcançados levantam outras questões, admitindo que "estes níveis possam ser extrapolados para a população em geral".
"É preciso perceber se os níveis medidos numa só ocasião e no final do Inverno são suficientes para avaliar os níveis ao longo do ano inteiro e mesmo havendo um défice generalizado, será que na população adulta saudável irá provocar problemas de morbi-mortalidade? Serão as pessoas mais doentes por isso?", questionou.