2 milhões de euros em investigação
Em Fevereiro, a empresa portuguesa Crioestaminal, localizada no Biocant Park de Cantanhede anunciou ter registado uma patente internacional para uma nova aplicação de células estaminais do cordão umbilical na regeneração do tecido cardíaco após enfarte do miocárdio.
A patente resulta de uma investigação que permite que as células estaminais “sejam injectadas directamente no músculo cardíaco para que este, após um enfarte, consiga cicatrizar mais rapidamente e regenerar a sua função”, explicou, então, o administrador executivo, André Gomes.
A Crioestaminal aponta para 2015 a realização de ensaios clínicos da nova tecnologia “para testar a sua segurança e eficácia em humanos”, quer a desenvolvida para curar feridas relacionadas com o pé diabético - que deu origem a outra patente, esta registada em 2012 - quer a nova aplicação “que, em termos científicos, derivou da anterior”, afirmou, adiantando que, em comum, as duas patentes centram-se nas células estaminais do cordão umbilical.
Ao longo de 11 anos de actividade, saíram da empresa sete amostras de células estaminais para serem usadas em tratamentos e ensaios clínicos, todos efectuados em crianças portuguesas, um em Portugal, em 2007, no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e os restantes nos EUA, na universidade de Duke.
No IPO, as células estaminais foram utilizadas numa criança que possuía uma doença genética que lhe afectava o sistema imunitário.
“Com o transplante do sangue do cordão umbilical do irmão foi possível restabelecer todo o sistema sanguíneo imunitário da criança e hoje, passado sete anos, está óptima, completamente curada de uma doença que era, inevitavelmente, fatal”, referiu André Gomes.
Já nos EUA, as seis utilizações decorreram no âmbito de ensaios clínicos em crianças com paralisia cerebral.
A empresa comemora no sábado 11 anos de actividade no domínio das células estaminais do cordão umbilical com um “dia aberto” a futuros pais.
“Vamos abrir a Crioestaminal à comunidade, explicar o que são células estaminais e para que servem e mostrar a investigação que fazemos no nosso laboratório. Trata-se de transferir informação para as pessoas”, disse André Gomes, fundador e administrador executivo da empresa. Lembrou que a empresa “foi a primeira” em Portugal a disponibilizar o serviço de criopreservação de células do cordão umbilical e tem em curso a expansão do laboratório de Cantanhede “em fase de conclusão” e que vai permitir à Crioestaminal passar das actuais 50 mil amostras de sangue do cordão umbilical ali guardadas para as 300 mil.
“É a segunda maior capacidade de armazenamento da Europa”, frisou André Gomes, só atrás de um laboratório belga, o maior do continente europeu.