10ª Reunião Anual do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus
Sob o tema "A Diabetes Mellitus para além da glicemia", a 10ª Reunião Anual do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus irá decorrer em Viseu nos dias 9 e 10 de Outubro.
A depressão é uma doença mais prevalente nas pessoas com diabetes do que na população em geral e compromete muitas vezes a adesão à terapêutica, afirma o Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI). Este é um dos temas em destaque na 10ª Reunião do NEDM que decorre nos dias 9 e 10 de outubro, em Viseu.
Edite Nascimento, internista e coordenadora destas jornadas, defende que “sendo a diabetes mellitus uma doença crónica, com implicações em todos os órgãos e sistemas orgânicos, é fácil de perceber o motivo pelo qual a depressão é também mais prevalente neste grupo populacional. E quando surge a depressão no evoluir da doença, fica muitas vezes comprometida de forma séria a adesão e motivação terapêutica, ficando a pessoa com diabetes muito mais exposta ao aparecimento de complicações resultantes do quase sempre agravamento metabólico associado”.
Nesta 10ª Reunião do NEDM a diabetes gestacional será outro dos assuntos a debater. Segundo a coordenadora das jornadas “a diabetes na gravidez é rastreada em todas as mulheres que engravidam. Um elevado número de mulheres pode desenvolver diabetes durante a gravidez com normalização dos valores de glicemia após o parto. O aparecimento de diabetes durante a gestação pode trazer riscos acrescidos para a mãe e para a criança, nomeadamente maior taxa de malformações do feto, macrossomia e complicações várias durante o parto. Os cuidados a ter começam mais uma vez por adotar um estilo de vida saudável, bons hábitos alimentares, controlo do peso, vigilância médica periódica e controlo rigoroso se forem detetados níveis de glicemia elevados”.
Haverá ainda espaço para abordar as novas terapêuticas para o tratamento da diabetes. De acordo com Edite Nascimento “em Portugal temos já ao dispor a grande maioria das inovações terapêuticas até agora surgidas com benefícios evidentes para as pessoas com diabetes. Os médicos têm hoje ao seu dispor um número muito maior de opções terapêuticas que permitem tratar as pessoas com diabetes de forma mais individualizada. Foram descobertas novas vias de regulação glicémica, novos fármacos que atuam nessas vias e com menos efeitos secundários”.
A coordenadora desta reunião sublinha que “os internistas, assim como toda a classe médica, estão obviamente preocupados com o impacto da diabetes mellitus em Portugal. A prevenção da diabetes é um grande desafio que se coloca atualmente a todos. Sabemos hoje que para além da população diabética, 27% da população portuguesa apresenta um risco de desenvolver diabetes no futuro. Se nada for feito, o número de caso vai aumentar muito no futuro. Todos temos um papel a desempenhar no combate a esta doença já apelidada como a pandemia do século XXI”.
A diabetes mellitus atinge hoje mais de um milhão de portugueses, segundo o último relatório anual do Observatório Nacional da Diabetes, um número tem vindo a aumentar progressivamente nos últimos anos. O número crescente de casos diagnosticados e de complicações relacionadas com esta doença tem repercussões económicas, sociais e individuais difíceis de contabilizar. A diabetes tem um custo direto em saúde estimado entre os 1250 e os 1500 milhões de euros, o que representa 8 a 9% das despesas em saúde, sem contabilizar os custos indiretos e principalmente os custos pessoais e sociais.
Pode consultar o programa aqui.