33ª edição da Reunião do Healthcare User Group (HUG)

Wells melhorou eficiência da sua cadeia de distribuição com standards da GS1

A GS1 Portugal, entidade responsável pelo desenvolvimento de standards para a saúde, promoveu a 33ª edição da Reunião do Healthcare User Group (HUG). Esta iniciativa reúne um grupo restrito de profissionais e decisores do setor da saúde português com o intuito de debater e analisar os desafios e oportunidades da atualidade.

À semelhança de edições anteriores, esta reunião do HUG analisou os avanços registados ao nível da implementação dos regulamentos dos dispositivos médicos. Para além disso, deu especial destaque ao caso de estudo da cadeia de parafarmácias de retalho do grupo Sonae, a Wells, que encontrou nos standards da GS1 uma solução para tornar toda a cadeia de distribuição (muito) mais eficiente.

No início da colaboração entre a Wells e a GS1 Portugal, a cadeia de parafarmácias da Sonae enfrentava desafios ao nível da eficiência no processo de receção e verificação das encomendas recebidas em armazém, consequência dos novos requisitos de codificação de unidades logísticas adotados nesses espaços. Ao nível do abastecimento dos produtos, quase metade (42%) das encomendas que chegavam aos armazéns apresentavam diferentes tipos de incidência ao nível da identificação das unidades logísticas, desde a ausência de etiquetas logísticas, erros na respetiva leitura, dados incorretos ou posicionamento inadequado das etiquetas, entre outras anomalias.

Após um esforço colaborativo da GS1 Portugal com fornecedores da Wells, as melhorias foram conclusivas: em janeiro de 2021 tinham sido registadas incidências com etiquetas logísticas em 41.69% das encomendas. Em janeiro de 2022, essa taxa baixou para apenas 0.46%, o que se traduz numa melhoria de eficiência de 98.9% após a intervenção e correta utilização dos standards da GS1 Portugal.

“Conseguimos comparar a quantidade de erros na etiqueta logística antes e depois do trabalho da GS1 Portugal, com eficiências em média de 99%. O número de encomendas entregues com erros nas etiquetas logísticas reduziu para quase 0”, salientou Sofia Perdigão, Gestora do Setor de Saúde da GS1 Portugal.

Já com os EAN-13 (simbologia utilizada para identificação de produtos implementada pela GS1 Portugal), as melhorias foram igualmente significativas: em janeiro de 2021, a Wells registava a ausência dos códigos EAN-13 dos produtos na base de dados do armazém em quase 5% das encomendas, percentagem que desceu para 1.3% após a intervenção da GS1 Portugal, representando assim melhorias superiores a 70% na eficiência da cadeia de distribuição e abastecimento da Wells.

Projeto piloto em curso

Nesta edição do HUG foi também partilhado um projeto piloto que pretende continuar a levar a linguagem global, viabilizada através da rastreabilidade, ao setor da saúde.

A iniciativa International Patient Summary (IPS), cuja prova de conceito já está a ser testada no País de Gales, é um conjunto padronizado de dados clínicos básicos que inclui a informação mais relevante relacionada com a saúde de um paciente, de modo a garantir cuidados de saúde totalmente seguros e protegidos a nível global. Esta versão resumida dos dados clínicos do paciente fornece aos profissionais de saúde as informações essenciais necessárias para prestar cuidados no caso de uma situação médica inesperada, como em caso de acidentes.

“O objetivo é conseguir um conjunto standardizado de dados clínicos básicos que permitem transmitir ou partilhar, entre os vários países e respetivos centros hospitalares, informações que, caso o paciente dê entrada nesse centro hospitalar - ou necessite de assistência noutro país -, deem acesso aos dados clínicos mais básicos desse paciente e saber, por exemplo, quais as suas alergias, historial médico e procedimentos anteriores”, começou por explicar Madalena Centeno, Gestora de Saúde e Standards da GS1 Portugal.

Outro fator inovador do IPS incide sobre o nível de colaboração exigido para que o conceito funcione. Nesse sentido, a GS1, entidade global de standards de que a GS1 Portugal é organização-membro, aliou-se a outras entidades de standards (CEN, ISO e HL7, entre outras) para criar uma linguagem global, capaz de ser partilhada além-fronteiras. “Como estamos a falar de diferentes países e de diferentes centros hospitalares, a estruturação de informação é diferente. Por isso, é necessário encontrar um conjunto de códigos que permita que a informação seja lida e interpretada por todos os que utilizem este sistema”, acrescentou a representante da GS1 Portugal, antevendo que, após maior investigação e desenvolvimento deste conceito, espera-se que o IPS consiga fornecer informações ainda mais detalhadas como “as imunizações já feitas, como as das vacinas contra a COVID-19” e, ainda, “dados como os resultados de análises clínicas, imagiologia e a utilização de dispositivos médicos e medicamentos”. No futuro, as entidades envolvidas estimam que o IPS permitirá, “por exemplo, que o médico tenha acesso a informação sobre o modelo do pacemaker que o paciente tem”, rematou Madalena Centeno.

 

Fonte: 
Adagietto
Nota: 
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