Estudo

Vitrificação eleva para 95% as hipóteses de mulheres com endometriose de engravidar

Investigação que teve como objetivo ajudar especialistas em fertilidade e doentes com endometriose a avaliar a capacidade reprodutiva da mulher, vem demonstrar que mulheres com endometriose, abaixo dos 35 anos, que congelem 15 a 20 óvulos têm 95% de hipóteses de engravidar.

A vitrificação (ou congelação) de ovócitos é uma forma de adiar o projeto reprodutivo que tem permitido que cada vez mais mulheres alcancem a maternidade no momento da sua vida que consideram adequado. Esta técnica tem particular importância quando existe necessidade de sujeitar-se a tratamentos ou a cirurgias que podem comprometer o normal funcionamento dos ovários.  

É o caso das mulheres que sofrem de endometriose, uma doença que afeta uma em cada 10 mulheres em idade fértil e pode levar à infertilidade. A endometriose pode dificultar a gravidez principalmente quando envolve as trompas e os ovários. Por isso algumas mulheres que têm esta doença precisam de realizar tratamentos de procriação medicamente assistida (PMA), para conseguir engravidar.   

O número de ovócitos vitrificados e a idade da mulher são fatores-chave para o sucesso reprodutivo, mas até agora os especialistas em fertilidade não sabiam exatamente qual o número de ovócitos é necessário vitrificar para garantir uma gravidez. Foi esta questão que esteve na origem do estudo “Number needed to freeze: cumulative live birth rate after fertility preservation in women with endometriosis”, liderado por Ana Cobo, diretora da Unidade de Criopreservação do IVI.  

O estudo concluiu que em mulheres com endometriose e idade abaixo dos 35 anos a gravidez foi alcançada em 95% dos casos com a congelação de aproximadamente 20 ovócitos. Em mulheres com mais de 35 anos a taxa máxima de recém-nascidos após tratamentos de PMA com recurso a ovócitos vitrificados foi de 80%. 

"Anteriormente, esses dados já eram conhecidos no âmbito de preservação eletiva (social) de fertilidade e nos casos oncológicos limitada para as mulheres com endometriose, onde a questão é de grande relevância, uma vez que têm um risco aumentado de perda da reserva ovárica”, explica Tatiana Semenova, ginecologista e especialista em fertilidade da Clínica IVI Lisboa.  

A investigação teve como objetivo ajudar especialistas em fertilidade e mulheres com endometriose a estabelecer expectativas realistas em relação às suas capacidades reprodutivas.  

O estudo incluiu dados de 485 mulheres com endometriose que preservaram a sua fertilidade entre janeiro de 2007 e julho de 2018 nas clínicas IVI de Espanha e que posteriormente tentaram engravidar. 

"Os resultados indicam claramente o efeito benéfico da idade jovem na altura da preservação de fertilidade sobre os futuros desfechos reprodutivos em mulheres com endometriose. No entanto, devemos prestar especial atenção quando se trata de mulheres com estadios avançados da doença ou que têm indicação para tratamento cirúrgico. Embora seja verdade que a obtenção de 15-20 ovócitos para vitrificação (provavelmente em dois ciclos de estimulação) é relativamente fácil em mulheres jovens, isso pode ser mais difícil numa mulher com uma reserva ovárica comprometida”, afirma a Tatiana Semenova. 

Um estudo anterior, também liderado por Ana Cobo, já tinha demonstrado melhores resultados em mulheres jovens que preservaram a sua fertilidade antes da remoção cirúrgica do endometrioma ovárico. 

Este estudo “mostra que pode comprometer a reserva ovárica, pois o número de ovócitos recuperados após a mesma será menor, o que pode ter um impacto negativo sobre as hipóteses futuras de alcançar uma gravidez".  Tatiana Semenova conclui que este trabalho “foi fundamental para o aconselhamento médico-doente, constituindo uma ferramenta muito útil no acompanhamento das mulheres com endometriose”. 

Fonte: 
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Nota: 
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