Um em cada três portugueses terá fígado gordo
O mais recente estudo nacional da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) nesta área, referente a 2018, integrou 700 pessoas com diabetes, avaliadas pela tecnologia mais moderna (elastografia), e concluiu que 2/3 dessas pessoas apresentava igualmente fígado gordo. Dados de um estudo nacional também realizado pela APDP em 2014 apontavam que mesmo em pessoas sem diabetes nem pré-diabetes, 1/3 dos indivíduos apresentavam fígado gordo.
“Além de contribuir para agravar as complicações de saúde associadas à diabetes, o fígado gordo é um fator acelerador da doença em pessoas com pré-diabetes e mesmo em pessoas saudáveis. Por isso, é muito importante estarmos alerta para esta condição, ainda subdiagnosticada e subvalorizada”, acrescenta Rogério Ribeiro, investigador da APDP e docente da Universidade de Aveiro. “Entre as pessoas com hepatite “gorda” assiste-se também ao forte surgimento da diabetes, afetando 1 em cada 3 dessas pessoas, segundo dados internacionais”, acrescenta o investigador.
Dados dos EUA apontam para que as pessoas com fígado gordo e diabetes tenham entre 3 a 4 vezes maior risco de desenvolver cirrose ou carcinoma hepático, face às pessoas com fígado gordo e sem diabetes.
A propósito do Dia Mundial das Hepatites, que se assinala a 28 de julho, o presidente da APDP, José Manuel Boavida, recorda a importância “do diagnóstico precoce e do apoio estruturado à luta contra o excesso calórico alimentar e a obesidade. Em vez de se esperar por novos fármacos há que reforçar a capacidade de mudança de hábitos das pessoas com diabetes identificadas com fígado gordo”.
A APDP tem apostado em investigação em conjunto com outras instituições europeias na procura de ferramentas de identificação e tratamento da doença, dada a dificuldade de diagnóstico e a inexistência de um tratamento eficaz. O fígado gordo pode evoluir para fibrose, cirrose ou até cancro hepático.