Subida de casos relacionada com maior movimentação de pessoas

“Relativamente ao aumento do número de casos, é óbvio que nos últimos três dias se verificou. É precoce conseguirmos explicar tudo, mas há, de facto, um clima, diria, favorável a que isso possa acontecer”, disse, na conferência de imprensa de atualização dos dados da pandemia da Covid-19.
Lembrando que há um aumento do número de casos em toda a Europa, Graça Freitas explicou que “estamos a tentar um equilíbrio entre medidas de segurança e saúde pública, mas também de retoma da vida das pessoas”. “Isso leva, de facto, a uma maior movimentação de pessoas do nosso país para outros e de outros para o nosso, quer em turismo, quer dos nossos emigrantes”, explicou, acrescentando que um maior contacto entre pessoas de zonas que estão afetadas pode gerar um aumento do número de casos.
Adicionalmente, estes casos têm constituído surtos, muitas vezes familiares, em instituições, em empresas e nos locais de trabalho. “Serão as explicações para este aumento de casos, que não tem sido exponencial”, ressalvou.
“Não temos uma vacina, não temos um medicamento, não vamos conseguir ter casos zero. Vamos ter aumentos e reduções conforme for a dinâmica da doença no mundo em geral e na Europa em particular e no nosso país. Temos que manter a situação controlada para o tal equilíbrio”, afirmou.
A especialista em saúde pública adiantou esta sexta-feira que as orientações relativas ao uso de máscara estão a ser “revisitadas”. Em estudo estão três aspetos, entre os quais o uso de máscaras para crianças a partir dos 6 anos, que foi aconselhado recentemente pela Organização Mundial de Saúde, e o uso de máscara em espaços públicos.
Questionada sobre o regresso das crianças com doenças crónicas à escola, Graça Freitas esclareceu que está a preparar-se a operacionalização das orientações que foram criadas em conjunto com o Ministério da Educação, podendo existir necessidade de encontrar soluções alternativas para alunos e professores pertencentes a grupos de risco.
“É normal que aquelas regras gerais que poderão ser aplicadas em condições ideias possam ter que ser revisitadas para encontrar soluções alternativas para eventuais problemas. Uma coisa são as orientações, outra é a capacidade que há de operacionalizar essas orientações”, destacou.
Neste momento, está a ser preparado um referencial para que as escolas e a saúde comuniquem de forma célere se surgirem casos positivos ou suspeitos, bem como uma campanha de comunicação com informação para todos os intervenientes. “É um processo contínuo. Vai haver necessidade de fazer muitos ajustamentos”, reconheceu.