Apelo da SPEDM e da SPEO

Sociedades médicas apelam à disponibilização e comparticipação urgente de novos fármacos

É urgente a disponibilização no mercado e respetiva comparticipação médica de novos fármacos para o tratamento da obesidade já disponíveis noutros países, nomeadamente para as classes sociais mais desfavorecidas, que são as mais afetadas por esta patologia.

O alerta é da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), que apelam à premência de colocar a obesidade e o seu tratamento no centro da agenda das políticas de saúde em Portugal.

De forma a melhorar o acesso aos cuidados de saúde e a sensibilizar a população para este problema, torna-se ainda importante haver um reforço das consultas de obesidade no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em dezembro de 2023, o Ministério da Saúde criou, pela primeira vez, um programa de resposta integrada à obesidade no SNS, reforçando a intervenção precoce e eficaz para reduzir o impacto negativo do excesso de peso na saúde da população. De acordo com os últimos dados oficiais, o excesso de peso, que inclui a pré-obesidade e a obesidade, atinge 67,6% da população adulta portuguesa.

“A obesidade é uma doença crónica e sabemos que poderá continuar a aumentar em Portugal caso não se tome uma posição urgente e concreta. O reforço para as ações de prevenção e tratamento da obesidade no SNS, anunciado em dezembro do ano passado, é, sem dúvida, um primeiro passo, mas ainda há muito a fazer, nomeadamente, a introdução de novos fármacos que já existem noutros países e a comparticipação dos fármacos para a obesidade, nomeadamente dos já existentes no mercado. Precisamos destes novos medicamentos, bem como de reforçar as consultas de obesidade. Só assim conseguiremos atuar na prevenção das comorbilidades, evitando o efeito da obesidade na progressão para doenças como a diabetes, a hipertensão, a apneia do sono, as doenças cardiovasculares e as doenças oncológicas, e, assim, garantir a qualidade de vida, o bem-estar e reduzir a mortalidade do maior número de pessoas possível”, sublinha Paula Freitas, presidente da SPDEM.

“Apesar de, no papel, a obesidade ser reconhecida como doença em Portugal, alguns profissionais e autoridades de saúde nacionais, ainda não atuam como tal. Portugal é, muitas vezes, citado pelo seu pioneirismo no reconhecimento oficial desta doença. Contudo deveria ser mais coerente com essa atitude e não continuar a alimentar a iniquidade existente no acesso a um dos pilares do tratamento da obesidade; quem tem maior status socioeconómico pode aceder aos fármacos antiobesidade, quem tem menores recursos não. E é, precisamente, este último grupo da população que apresenta uma prevalência de obesidade mais elevada. As consequências de não tratarmos, de forma eficaz, esta doença serão os elevados custos sociais e económicos que serão suportados por todos nós”, refere, por seu turno, José Silva Nunes, presidente da SPEO.

2024 marca os 20 anos desde que a obesidade foi considerada como uma doença pela Direção Geral de Saúde. Apesar de ser considerada um real problema de saúde pública, as autoridades ainda não estão alerta, nem capacitaram o SNS para dar as respostas adequadas.

De acordo com a Federação Mundial da Obesidade, cerca de 39% dos portugueses adultos serão obesos até 2035. A nível global, a obesidade afeta 1,1 mil milhões de pessoas, cerca de 14% da população mundial. 

A alimentação saudável e a atividade física são fundamentais para ajudar a manter um peso equilibrado, mas não são o tratamento da obesidade que é uma doença que necessita de tratamento adequado, tal como todas as outras doenças.

Também o acompanhamento médico é essencial para a promoção de um tratamento eficaz da obesidade, através de intervenções específicas que promovam a perda de peso e previnam o seu reaparecimento a longo prazo.

Fonte: 
Sociedade Portuguesa de Endocrinologia
Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO)
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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