Seis milhões têm falta de dentes em Portugal
De acordo com os dados do barómetro, apenas 41,1 por cento dos 1102 inquiridos apresentam dentição completa, à exceção dos dentes do siso, embora este valor represente uma evolução positiva face a anos anteriores.
Para o bastonário Miguel Pavão, os 59% sem pelo menos um dente, os 49,9% sem qualquer prótese dentária e os 22,8% sem seis ou mais dentes são razões mais do que suficientes para um reforço das atuais políticas de saúde oral: “São números preocupantes, que demonstram a urgência da concretização de medidas há muito apresentadas pela Ordem como é a criação do cheque-dentista prótese e a criação de uma carreira especial no SNS capaz de atrair estes profissionais”.
No que diz respeito às consultas de medicina dentária, os dados permitem concluir que apenas 2 % da população portuguesa acedem através do Serviço Nacional de Saúde ou via Cheque-Dentista. A esmagadora maioria (98%) são no setor privado, via seguros e planos de saúde ou subsistemas de saúde. Uma das razões que ajuda a explicar esta diferença reside no facto de 66,8% da população desconhecer que o SNS disponibiliza serviços de medicina dentária. Um valor que agravou consideravelmente, quando comparado com os 55,9% de 2022.
“A medicina dentária tem sido apresentada como uma bandeira no setor da saúde, mas a verdade é que não há uma estratégia para a saúde oral. Basta referir que a verba consagrada no Orçamento do Estado para a Saúde Oral é de 30 milhões de euros, num total de 15 mil milhões”, afirma Miguel Pavão.
Sobre os hábitos de saúde oral, o barómetro indica que 78,8% dos inquiridos garantem escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, ou seja, um aumento de 5,7 pontos percentuais face a 2022. Apesar deste elemento positivo, os dados revelam que houve uma diminuição (-3 p.p.) do número de pessoas que visitam o médico dentista pelo uma vez por ano: 64,4% em 2023, quando no ano anterior eram 67,4%. Constata-se também que aumentou a percentagem de pessoas que nunca visitam o médico dentista ou o fazem apenas em situações de urgência (26,9% +2,4p.p.).
Entre quem não foi ao médico dentista no último ano, a maior parcela é da população com 65 ou mais anos (54%%). Também relevante é a relação direta entre escolaridade e regularidade de visitas ao médico dentista: quanto menor for a escolaridade, menor a regularidade.
Quanto a menores de 6 anos que nunca foram ao médico dentista, a percentagem voltou a diminuir pelo segundo ano consecutivo. Em 2021 era 73,4%, em 2022 passou a 65,2% e, em 2023 ficou-se pelos 53,5%.