São João é o primeiro hospital português a implantar dispositivo inovador de estimulação cerebral profunda

Rui Vaz, neurocirurgião responsável por este procedimento explica que “este novo sistema de elétrodo direcional que surge para dar resposta às necessidades dos médicos e doentes, permite melhorar a deteção de potenciais campos locais enquanto oferece uma estimulação direcional, fornecendo dados individualizados e específicos sobre o doente. Desta forma e juntamente com as funcionalidades de programação adicionais de que o dispositivo dispõe, é possível realizar um tratamento personalizado e mais centrado no doente”.
O CHUSJ é assim o terceiro hospital no mundo a implantar este dispositivo. Até ao momento, foi apenas implantado no Hospital Universitário de Würzburg, na Alemanha e no Hospital Universitário Grenoble Alpes, em França. A tecnologia está ainda a ser avaliada pela Food and Drug Administration (FDA) para ser lançada nos EUA, o que significa que a Europa foi pioneira na utilização desta tecnologia inovadora.
O desafio da estimulação cerebral profunda prende-se precisamente com o fornecimento de estimulação numa região muito pequena do cérebro apenas nos momentos nos quais os sintomas variáveis requerem tratamento. O uso deste dispositivo, compatível com determinados neuroestimuladores, resultará em melhorias significativas na administração precisa de estimulação, na simplificação do procedimento cirúrgico e na recolha de dados para uma programação mais eficiente e informada.
Cada movimento do corpo, implica uma interação complexa entre o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal), os nervos e os músculos. A Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum depois da Doença de Alzheimer e afeta cerca de 20 mil portugueses. Resulta da redução dos níveis de dopamina, uma substância que funciona como um mensageiro químico cerebral nos centros que comandam os movimentos.
Esta é uma doença com uma sintomatologia muito alargada e que varia muito entre os doentes. Muitos dos sintomas envolvem a capacidade de controlar os músculos e o movimento, havendo quatro sintomas que se destacam: lentidão de movimentos, rigidez muscular, tremor e alterações da postura.
“É com grande expectativa que o CHSJ introduz em Portugal uma inovação tecnológica que vai acrescentar qualidade de vida a muitas pessoas que vivem com doenças do movimento e epilepsia, sobretudo num ano como este, tão desafiante para os hospitais portugueses, devido à sobrecarga que pandemia da Covid-19 acabou por trazer a todos os serviços”, reforça Rui Vaz.