Estudo

Saltar o pequeno-almoço pode aumentar risco de morte por doença cardiovascular

Um estudo divulgado pelo Colégio Americano de Cardiologia vem mostrar que não tomar o pequeno-almoço pode aumentar o risco de morte prematura. Diabetes, hipertensão ou hipercolesterolemia têm sido associados ao jejum prolongado.

Para chegar a esta conclusão, uma equipa de médicos e investigadores de várias universidades americanas avaliou os dados de 6550 pessoas, com idades entre os 40 e os 75, que participaram de uma pesquisa nacional de saúde e nutrição entre 1988 e 1994. Entre outras informações, os participantes revelaram com que frequência tomavam a primeira refeição do dia.

Desta análise apurou-se que 5% terá afirmado que nunca tomava o pequeno-almoço e cerca de 11% admitia que raramente o fazia. A maioria (cerca de 25% dos inquiridos) afirmava que fazia esta refeição de forma intermitente.

Os investigadores analisaram então os registos de morte dessas pessoas até 2011 e constataram que 2318 participantes do estudo tinham morrido. Depois de avaliar outros fatores de risco como o tabagismo ou obesidade, a equipa de investigação descobriu que 87% dos que saltavam a primeira refeição do dia tinham maior probabilidade de morrer de doença cardiovascular.

Estudo não é conclusivo, alertam especialistas

Apesar de alguns estudos demonstrarem que prolongar o jejum tem um impacto negativo para a saúde, os cientistas continuam a tentar entender esta relação, pelo que, alegam, os resultados desta recente análise não são conclusivos.

Ao comentar a pesquisa da associação americana de cardiologia, o serviço Público de Saúde do Reino Unido (NHS), é categórico em dizer que o estudo não é capaz de provar que saltar o pequeno-almoço é causa direta de morte por doença cardiovascular.

“De acordo com o estudo em questão, as pessoas que não tomam a primeira refeição do dia têm maiores probabilidades de serem ex-fumadoras, sedentárias e com uma alimentação pobre quando comparadas com aquelas que nunca saltam o pequeno-almoço”, diz uma resenha publicada na página do NHS, que destaca os fatores de risco para as doenças cardiovasculares.

“O estudo só teve uma avaliação única do pequeno-almoço o que pode não refletir hábitos ao longo da vida. Também não explica o que significa a primeira refeição do dia para as diferentes pessoas”, pode ler-se na nota. “Por exemplo, muitas pessoas tomam o pequeno-almoço todos os dias, mas isso não significa que façam uma refeição saudável. Este estudo não permite distinguir quem come algo saudável às 8 da manhã e quem come uma sanduiche com bacon ou uma barra de cereais carregada de açúcar ao fim da manhã”, alerta.

De qualquer forma, Wei Bao, professor assistente de epidemiologia da Universidade do Iowa e um dos autores da pesquisa, sai em defesa das descobertas deste estudo.

“Muitos estudos têm mostrado que saltar esta refeição está relacionado com um elevado risco de diabetes, hipertensão ou hipercolesterolemia”, afirma o investigador. “O nosso estudo indica que tomar o pequeno-almoço pode ser uma forma simples de promover a saúde cardiovascular”, adianta.

De acordo com a equipa de investigadores, da qual Bao faz parte, as associações entre a primeira refeição do dia e o risco de doença cardíaca “eram significativas e independentes do nível socioeconómico, do índice de massa corporal e dos fatores de risco cardiovascular”. “Até onde sabemos, esta é a primeira análise que avalia a relação entre o pequeno-almoço e risco de morte por doença cardiovascular”, referem os autores do estudo.

As doenças cardiovasculares, sobretudo o enfarte e o acidente vascular cerebral, são a principal causa de morte em todo o mundo, tendo sido responsáveis por 15,2 milhões de mortes em 2016, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Fonte: 
BBC
Nota: 
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