Em agenda esteva o novo projeto-lei para as Unidades de Saúde Familiar

Reunião com Ministério da Saúde leva enfermeiros a recolocar novas formas de luta

“Uma mão cheia de nada”. Foi este o sentimento geral com que o Sindicato dos Enfermeiros ficou depois da reunião da última sexta-feira com o Ministério da Saúde, num encontro que tinha o novo projeto-lei para as Unidades de Saúde Familiar em agenda, mas que, nas expectativas de Pedro Costa, presidente do SE, poderia servir para que houvesse evolução nas questões que mais fazem a enfermagem portuguesa marcar passo e, por arrasto, todo o Serviço Nacional de Saúde. Em vão.

Uma “oportunidade perdida” – “mais uma” - que, no contexto da retoma das negociações que sucedeu a um largo período de falta de diálogo por parte dos responsáveis ministeriais, “não augura nada de bom”.

“Uma certeza temos, não obstante a tutela dizer andar muito preocupada em assegurar médico de família para todos os portugueses, só existem Unidades de Saúde Familiar se existirem enfermeiros, e estamos a falar de enfermeiros motivados…”, atira Pedro Costa, deixando perceber nas entrelinhas a recolocação no horizonte de novas formas de luta, caso a situação não evolua a “muito breve trecho”.

“O diploma em análise sobre Unidades de Saúde Familiar transporta um conjunto de entropias que tem de ser corrigido. E carece de uma tipificação clara nos critérios que elenca. Não pode haver unidades de saúde de primeira, com incentivos, e unidades de saúde de segunda, sem esses mesmos incentivos, onde os profissionais de saúde (a contratar) não quererão trabalhar ou onde, aqueles que já lá estão, exercerão a sua profissão de uma forma desmotivada”, sublinha o presidente do SE.

Para o representante dos enfermeiros lusos, o novo projeto-lei gizado para as Unidades de Saúde Familiar transporta “várias ideias que a realidade pragmática, no terreno, mostra não fazerem sentido”. E concretiza: “Não podemos, seriamente, estar a planear aliviar as urgências hospitalares de casos eventualmente desnecessários com horários de atendimento rígidos na rede de cuidados primários, pois uma coisa não joga com a outra”.

No entendimento da estrutura sindical, o ministério da tutela continua a reagir e não a agir, num momento que urge reestruturar estratégica, global e integradamente o Serviço Nacional de Saúde.

Profundamente preocupados pelo adiamento - uma vez mais – de uma reforma importante para todo o sistema de cuidados de saúde, particularmente os primários, o SE vinca que o verdadeiro motor da saúde portuguesa deve passar pela prevenção e promoção da saúde.

“Demos várias sugestões para que este projeto-lei pareça menos um remendo do que nos está a parecer, pois queremos que, mesmo assim, represente um momento de crescimento da qualidade nos serviços que os profissionais de saúde prestam à população”, enfatiza Pedro Costa.

O presidente do SE tem a expectativa de que a próxima reunião de trabalho com o Ministério da Saúde possa acontecer já em setembro. Até porque questões como a valorização da carreira, a especialização, o reconhecimento do risco e da penosidade da profissão, de desgaste rápido, e a dedicação ao SNS são questões que o SE quer ver debatidas com a máxima urgência, sob pena de não restar outra alternativa que não endurecer a luta dos enfermeiros, enfraquecendo ainda mais a débil resposta do SNS aos problemas de saúde dos portugueses.

Fonte: 
Sindicato dos Enfermeiros - SE
Nota: 
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Foto: 
Sindicato dos Enfermeiros - SE