Conclusões de estudo realizado em contexto português

Remdesivir gera uma redução significativa no número de internamentos em UCI, no número de mortes e produz economia de custos

O Estudo ‘Modelo de estimativa de custos dos cuidados de saúde e acesso às unidades de cuidados intensivos (UCI) para doentes COVID-19 e avaliação dos efeitos de remdesivir no contexto português’ concluiu que a introdução de tratamento baseado em remdesivir em doentes com pneumonia COVID-19 que requerem oxigenoterapia suplementar produziria, em Portugal, mais de 23 milhões de euros em economias de custos e evitaria mais de 261 internamentos em UCI e 166 mortes.

O estudo incidiu sobre a utilização do antiviral remdesivir (RDV) e teve como objetivo simular o impacto que esta opção de tratamento poderá ter sobre o curso pandémico a longo prazo. O modelo de previsão foi desenvolvido para estimar como o RDV teria impacto na capacidade das UCI e nos custos dos cuidados de saúde relacionados com a gestão hospitalar do doente com COVID-19. Este modelo foi aplicado no contexto português com uma projeção de 20 semanas com início em 1 de maio e conclusão em 18 de setembro de 2021. Os dados foram cuidadosamente recolhidos consultando diferentes fontes, tais como, literatura publicada a nível global, relatórios governamentais oficiais e bases de dados de reconhecido mérito disponíveis sobre doenças infeciosas, nomeadamente, Our World in Data, além dos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde e Direção Geral da Saúde, e ainda pareceres de peritos.

O modelo de previsão mostrou que a introdução de tratamento baseado em RDV em doentes com pneumonia COVID-19 que requerem oxigenoterapia suplementar produziria mais de 23 milhões de euros em economias de custos e evitaria mais de 261 internamentos em UCI e 166 mortes. Além disso, para melhorar a condição clínica dos doentes e reduzir o tempo até à recuperação total, foi demonstrado que as opções de tratamento, como o RDV, podem reduzir os efeitos económicos negativos da pandemia por COVID-19, reduzindo os custos diretos dos cuidados de saúde e otimizando a gestão de recursos limitados, nomeadamente menos internamentos em UCI, menor tempo de internamento em enfermaria e menor taxa de mortalidade.

Durante o processo de seleção dos dados, três peritos portugueses - João Rua, Nuno Luís, Sandra Braz - foram convidados a dar o seu contributo para a investigação. Estes profissionais foram selecionados com base na sua experiência ao serviço do sistema de saúde português em geral e com a gestão e tratamento da doença COVID-19, em particular, fruto da atividade exercida nas suas respetivas Instituições.

Principais resultados

Durante o período de 20 semanas em análise, foram observados 23.579 casos ativos, e foram estimados mais de 692 internamentos em UCI e 251 mortes. Contudo, se fosse introduzido o tratamento com remdesivir em doentes com COVID-19 com pneumonia e necessidade de suporte de oxigénio suplementar, tanto os internamentos em UCI como o número de mortes estimam-se que diminuíssem para 261 e 165, respetivamente. O tratamento baseado em remdesivir geraria uma poupança de custos total de 23.531.000 euros, o que pode ser explicado principalmente pela estimativa da redução do número de admissões e da duração da estadia em UCI.

Este estudo apoia as conclusões de estudo anterior e de natureza semelhante no contexto italiano (Ruggeri et al., 2020). O remdesivir, quando administrado a doentes com pneumonia e que necessitam de oxigenoterapia suplementar, pode ter um grande impacto na sobrecarga do sistema de saúde, especialmente em termos de poupança de custos de hospitalização (enfermaria e UCI) e mortes.

O modelo de previsão é construído com base em estimativas de dados, nomeadamente epidemiológicos, com os valores de Rt associados. O modelo simula e apresenta um cenário hipotético, que tem em consideração dados históricos, medidas restritivas governamentais, e outros fatores externos, tais como as campanhas de vacinação. Consequentemente, existe a possibilidade de esta simulação não representar com precisão a situação epidemiológica real.

Esta contingência pode ser facilmente resolvida, pois o modelo pode ajustar-se facilmente com os dados mais recentes disponíveis. Dada a extensa disponibilidade de dados, a sua aplicação pode ser customizada a áreas mais restritas, tais como regiões particulares. Como resultado, o modelo pode ser utilizado como instrumento de suporte à decisão para os decisores no âmbito das suas atividades de gestão da pandemia da COVID-19 qualquer nível territorial. O modelo pode ser ajustado para avaliar o impacto de campanhas de vacinação e de outros tratamentos para além do RDV e pode estimar tanto o impacto no curso da pandemia como os custos diretos associados aos diferentes tratamentos. Isto aumenta a relevância do modelo para os administradores e/ou decisores políticos, uma vez que pode ser utilizado como suporte à decisão caso ocorram vagas pandémicas.

Este modelo pode oferecer aos decisores de saúde, reguladores e autoridades governamentais potenciais recursos para a gestão de emergências de saúde pública, tais como a emergência da SARS-CoV-2 e a pandemia COVID-19.

 

Fonte: 
Wisdom Consulting
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Agência Europeia de Medicamentos (EMA)