Livro Branco sobre Interoperabilidade na Saúde

Relatório destaca papel dos sistemas interoperáveis como aceleradores da e-Saúde

A pandemia que estamos a viver a nível mundial acelerou a procura de sistemas de informação interoperáveis. Estes sistemas implicam o desenvolvimento de aplicações e dispositivos interconectados que permitem a partilha de dados entre médicos e pacientes de forma a melhorar a saúde da população em geral, assegurar a continuidade dos cuidados e reduzir custos.

O Livro Branco sobre Interoperabilidade na Saúde, publicado pela Minsait, uma empresa Indra, mostra como os sistemas de saúde interoperáveis são elementos cruciais para acelerar a digitalização do sistema de saúde. De acordo com o relatório da empresa, a interoperabilidade representa uma oportunidade para enfrentar importantes desafios na saúde, tais como a prevenção, deteção e tratamento de doenças crónicas e degenerativas que se estão a tornar cada vez mais prevalecentes.

“A pandemia da COVID-19 revelou a necessidade de um sistema de saúde robusto, apoiado na tecnologia como uma alavanca estratégica para partilhar informação. A interoperabilidade entre sistemas abre várias soluções para troca de dados e informações clínicas que, mesmo estando distantes, podem colaborar na luta contra o coronavírus”, refere Joana Miranda, diretora das áreas de Administração Pública e Saúde da Minsait em Portugal.

O relatório também destaca o papel fundamental dos sistemas interoperáveis como aceleradores da e-Saúde, permitindo a adoção de tecnologias como o Big Data ou a Inteligência Artificial, para apoiar a extração de valor dos dados e alcançar sistemas de saúde mais sustentáveis. Nestes sistemas avançados, o foco está mais no paciente e a informação clínica é um aspeto relevante que impulsiona as decisões dos vários atores do sistema.

Para a Minsait, as principais barreiras à interoperabilidade estão associadas à heterogeneidade dos dados, à utilização de padrões diferentes e a uma resistência ao trabalho em ambiente aberto. A eliminação destas barreiras permitirá aos pacientes usufruir dos seus dados clínicos e obter cuidados personalizados e de qualidade; e aos profissionais aceder mais facilmente à informação do paciente para um melhor diagnóstico e tratamento.

O relatório conclui que a interoperabilidade de um ambiente geográfico está diretamente relacionada com: a sua inclusão na Agenda Digital; com a robustez do ambiente regulador e económico; com a utilização de normas internacionais (semânticas, sintáticas e/ou técnicas); com a força da infraestrutura tecnológica e sistemas de informação; e finalmente com a disponibilidade de recursos humanos com conhecimentos especializados.

Interoperabilidade Técnica em Portugal

Em Portugal, desde 2017 o Ministério da Saúde tem ativo o PNB – Portuguese National Broker, um sistema complexo que envolve várias entidades e componentes de software, de forma a promover a adoção dos standards internacionais da indústria eHealth nas interfaces. O PNB contribui para a interoperabilidade dos dados de saúde entre os sistemas do SNS (Serviço Nacional de Saúde), os Ministérios de Portugal e países na Europa, através do National Contact Point. Através do PNB os profissionais do Hospital podem receber e confirmar as indicações dadas a um paciente por um centro de saúde, e caso o paciente se encontre no estrangeiro, as instituições de saúde desses países, podem ter acesso ao seu histórico ou saber o que foi prescrito pelas instituições de saúde portuguesas.

Trillium Bridge, como conseguir o histórico médico de um paciente estrangeiro

O Livro Branco destaca como exemplo o projeto Trillium Bridge (2013-15), atualmente denominado Trillium II, onde Portugal tem representação através do SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde) como membro do consórcio. Este projeto, uma cooperação entre a União Europeia e os EUA, permitiu a partilha de informação de fichas de pacientes entre Unidades de Saúde da Europa e Estados Unidos em casos de emergência médica ou acidentes no estrangeiro.

Profissionais de saúde dos vários continentes podem transferir dados, como o histórico médico, alergias, implantes, medicação, para o médico que está a lidar com o paciente estrangeiro. O projeto melhora a interoperabilidade internacional dos sistemas de saúde na Europa e nos Estados Unidos e por sua vez a nível mundial, além de acelerar a adoção de normas de interoperabilidade sanitária com ferramentas de interoperabilidade open source, partilhando experiências e conhecimentos

Segundo a Minsait, o modelo de referência tecnológica para a interoperabilidade deve resolver as dificuldades de utilização de registos médicos fragmentados e limitados, permitindo às pessoas trabalhar num quadro de modelos de dados padronizados, livres de propriedade privada e capazes de desenvolver novas funcionalidades, independentemente do fornecedor.

A empresa acredita ser fundamental transformar o atual papel dos sistemas de informação para um modelo de ecossistema onde o valor dos dados é maximizado, tornando-o no centro e motor da transformação. Isso permitirá uma melhor compreensão dos utilizadores do sistema, automatizando processos, prevendo cenários, reduzindo custos operacionais e conseguindo uma maior qualidade e serviço personalizado.

O Livro Branco sobre Interoperabilidade na Saúde, apela à inclusão de competências analíticas de pessoas qualificadas, que segmentam os dados e iniciam as consultas apropriadas para obter a informação precisa a partir dos dados disponíveis, bem como a utilização de plataformas abertas para permitir um ecossistema que promova a concorrência entre fornecedores (a nível de aplicação, serviço e plataforma) e permita uma melhor gestão da saúde dos cidadãos.

Fonte: 
Tinkle
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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