Redução do sal no pão contribui para a diminuição da pressão arterial em Portugal

Considerando ser as doenças cardiovasculares (DCV) uma das principais causas de morte em Portugal, a redução do consumo de sal uma das melhores abordagens (best buys) para a prevenção destas doenças e o pão um dos alimentos que mais contribuem para a ingestão de sal pela população portuguesa, em outubro de 2017 foi assinado um protocolo entre a Direção-Geral de Saúde, o INSA e algumas associações de industriais de panificação, pastelarias e similares para a redução gradual de sal no pão até 2021.
O objetivo principal deste estudo é aferir os potenciais impactos na saúde da população portuguesa resultantes da implementação deste Protocolo, de acordo com as metas estabelecidas no documento.
Entre os principais resultados e conclusões apresentados, destaca-se a redução em 29% dos valores de sal atualmente consumidos se for atingida a meta máxima preconizada pelo Protocolo de 1g de sal por cada 100g de pão em 2021. Isto levará a uma redução esperada de 0,51g e 0,32g na ingestão diária total de sal para homens e mulheres, respetivamente
Neste cenário espera-se uma maior redução na ingestão de sal entre indivíduos com maior consumo de pão, ou seja, homens, indivíduos da região do Alentejo, indivíduos com idades compreendidas entre os 55 e 74 anos e naqueles que têm menor nível de educação.
Estes grupos são os que apresentam uma maior diminuição nos valores de pressão sistólica (PS), com a implementação integral do Protocolo.
Por outro lado, a magnitude do efeito estimado na pressão arterial (PA) parece ser baixa para ter um impacto importante na diminuição do risco de doenças cardiovasculares (DCV), de acordo com a literatura. Não existindo limiares bem definidos devido ao envolvimento de outros fatores de risco, alguns estudos apontam que quaisquer reduções na PA se traduzem em benefícios.
Do ponto de vista económico, o cenário de redução de ingestão total de sal diário considerado, embora mais baixo quando comparado com cenários testados por outros estudos, aproxima-se dos valores considerados como custo-efetivos de acordo com os limiares de referência (reduções acima de 0,5g sal/ dia) da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os dados recolhidos através de questionário revelam que a maioria dos respondentes referem ter conhecimento da assinatura do Protocolo, não sentiram alterações (sabor, textura, durabilidade) no pão que consomem habitualmente e que não alteraram o seu padrão de consumo, nos últimos 12 meses.
O estudo, agora divulgado, foi desenvolvido por um grupo de trabalho composto por elementos do INSA, da Administração Regional de Saúde do Algarve, da Direção-Geral da Educação e da Escola Nacional de Saúde Pública, com a supervisão técnica da OMS. Seguiu o modelo clássico de HIA, que combina procedimentos e métodos que permitem analisar os potenciais impactos de projetos, programas ou políticas, na saúde da população e sua distribuição, apoiando a tomada de decisões baseada na melhor evidência.