Projeto piloto demonstra que tratamento do cancro do pulmão é subfinanciado nos hospitais
O 3F – Financiamento, Fórmula para o Futuro é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), com o apoio da Roche e desenvolvimento da IQVIA, que tem como objetivo refletir sobre o financiamento dos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Em concreto, pretende analisar os modelos de financiamento atuais dos hospitais portugueses e promover a discussão de potenciais soluções de financiamento hospitalar que permitam criar mais valor para os doentes.
Estando em curso uma transformação da organização do SNS (designadamente através da criação das ULS), o 3F reuniu um conjunto de peritos, no sentido de apresentar à tutela uma proposta consensualizada para melhorar a forma como as unidades do SNS são financiadas.
O consenso, que será apresentado e discutido no próximo dia 16, aponta para a manutenção de um financiamento por capitação, designadamente tendo em conta que esta forma de financiamento pode promover a integração de cuidados e incentivar uma atuação focada na melhoria do estado geral da saúde de determinada população. No entanto, é fundamental que a capitação seja definida tendo em conta as características da população abrangida por cada ULS e que reforce o incentivo à diferenciação/inovação por parte das unidades de Saúde.
O grupo de peritos propõe ainda que o processo de contratualização inclua um quadro de indicadores de qualidade e desempenho único para toda a ULS, que reflita todo o percurso de cuidados na ULS, valorizando indicadores de resultados que sejam importantes para os doentes.
Segundo Xavier Barreto, presidente da APAH, “o objetivo é que os indicadores pelos quais avaliamos os hospitais reflitam de forma mais clara o valor em saúde na perspetiva dos nossos doentes e que o montante associado a estes indicadores passe progressivamente de 10 para 20 % do total do contrato assinado com cada ULS”.
A este propósito é particularmente importante considerarmos a aprendizagem proporcionada pelo projecto Farol – Tratamento do Cancro do pulmão, implementado no IPO no âmbito da iniciativa 3F.
De acordo com o Projeto Farol, que será também apresentado no IPO do Porto, é necessário criar um modelo de financiamento alternativo para tratamento dos doentes com cancro do pulmão.
Para isso, é preciso revisitar o montante que é pago pela ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) aos hospitais que tratam cancro do pulmão.