Projeto “Melba Care” apresenta revista Inklusão sob o mote “Unidos pela saúde inclusiva”
A apresentação irá decorrer na Sala Huíla, do Hotel Trópico, e conta com a presença dos responsáveis do Ministério da Ação Social. “Precisamos de envolver todos os parceiros, sejam eles governamentais, médicos ou sociais, para combater o estigma a que são sujeitas as pessoas com albinismo”, frisa a responsável da revista Inklusão. Ludemila Vaz Velho explica que, infelizmente, as pessoas com albinismo, sobretudo no continente africano, “continuam a ser olhadas com desconfiança, havendo ainda muitos mitos que contribuem para que tenham mais dificuldades na sua vida pessoal e profissional”.
A revista Inklusão, salienta a sua responsável, procura ser um contributo para desmistificar uma condição genética que deve ser encarada como algo quase normal. “E só dizemos quase porque é importante alertar as pessoas com albinismo que há um conjunto de cuidados especiais a que prestar atenção, nomeadamente no que se refere à visão e à proteção da exposição solar”, diz.
A apresentação do projeto conta com um painel de discussão sobre o “Albino Saudável”, com a participação de especialistas, médicos e psicólogos.
E, porque um dos objetivos principais do projeto é mesmo desmontar um conjunto de ideias feitas em torno desta condição genética, a sessão vai contar com um conjunto de depoimentos de pessoas com albinismo que superaram adversidades e que vão aproveitar o momento para partilhar as suas histórias e experiências. Um momento em que se pretende promover também a interação com o público, que terá a oportunidade de colocar as dúvidas ou mesmo compartilhar as suas próprias experiências.
O albinismo, recorde-se, é uma condição rara, não contagiosa e herdada geneticamente. Ocorre um pouco por todo o mundo, mas a sua incidência varia consoante a região do globo, tal como a forma como é visto pelas populações. Sobretudo no continente africano, e em Angola, mais particularmente, onde as pessoas com albinismo continuam a ser alvo de discriminação e perseguição. Em particular nas comunidades mais fechadas, onde os mitos tribais ainda têm um peso muito elevado na cultura local.
Também por isso, lamenta Ludemila Vaz Velho, “são frequentes os relatos de violação de mulheres albinas, por se acreditar que a prática de sexo com elas purifica o corpo e pode curar, por exemplo, o vírus do VIH/SIDA”. Associado a isso, é usual o rapto e o tráfico de mulheres para práticas sexuais. Tal como são significativos os registos de raptos de crianças albinas, as quais, após serem mortas, são esquartejadas e os seus órgãos vendidos no mercado negro, por valores elevadíssimos, por se acreditar que podem ser usados na prática de rituais mágicos com vista à purificação e cura de determinadas doenças.
“Há ainda imenso trabalho a fazer na desmistificação desta condição genética, na mudança de mentalidades e na consciencialização de que as pessoas com albinismo ‘apenas’ precisam de ter cuidados especiais ao nível da saúde, dado que, no resto, são pessoas perfeitamente normais”, frisa Ludemila Vaz Velho. A revista Inklusão surge, sublinha, “precisamente com o intuito de ser mais um contributo para este trabalho tão meritório de proteção das pessoas com albinismo” .