Iniciativa financiada pela Comissão Europeia

Projeto europeu quer troca de informação sobre indisponibilidade de medicamentos

O Conselho Geral de Farmacêuticos de Espanha, a Ordem dos Farmacêuticos em França, a Associação Nacional das Farmácias e a Federação de Farmacêuticos de Itália, chegaram a um acordo que facilita a cooperação internacional na partilha de informação sobre a indisponibilidade de medicamentos a nível europeu.

O projeto, financiado pela Comissão Europeia através do programa da Saúde Europeia Digital, foi baseado no Centro de Informação sobre Medicamentos (CISMED), um sistema implementado nas farmácias espanholas e desenvolvido pelo Conselho Geral de Farmacêuticos de Espanha.

O objetivo desta iniciativa, que decorreu durante o ano de 2020, é explorar a utilidade da partilha de informação comparável sobre indisponibilidades ao nível supranacional, de modo a ultrapassar vários desafios, como a ausência de uma identificação unívoca e harmonizada de medicamentos na Europa, a inexistência de um protocolo comum de reporte, bem como as diferentes definições nacionais de indisponibilidades de medicamentos, que, por norma, não incluem parâmetros para quantificar a gravidade do problema. 

Jesus Aguilar, presidente do Conselho Geral de Farmacêuticos de Espanha, chama atenção para o facto de "após doze meses de trabalho, e em tempo de pandemia, tornou-se claro que a troca de informação entre organizações farmacêuticas destes países, gera conhecimento valioso para as autoridades de saúde”. Adicionalmente, Jesus Aguilar acrescenta que os resultados revelaram “que a informação gerada pelas farmácias tem enorme potencial para a deteção atempada de problemas de fornecimento de medicamentos e facilita uma cooperação internacional efetiva que mitigue o seu impacto. Estamos convencidos que este projeto irá contribuir de forma significativa para o futuro Sistema Europeu de Deteção e Notificação de Indisponibilidades”.

O projeto conclui que os sistemas de reporte das farmácias são essenciais para antecipar problemas no fornecimento de medicamentos. Adicionalmente, é aconselhado que estes sistemas incluam uma funcionalidade de reporte automático e em tempo real das farmácias, o que facilita uma ação mais atempada e efetiva. Para diminuir as diferenças na designação de medicamentos, propõe-se a utilização de uma denominação internacional comum e estandardizada, como a SNOMED CT, de forma a trocar informação comparável.

Indisponibilidades e a pandemia

A informação partilhada, durante o ano de 2020, pelas farmácias dos quatro países participantes tornou possível analisar o problema das indisponibilidades de medicamentos em dois pontos no tempo. Em novembro de 2019, salientam-se os problemas no fornecimento de medicamentos para o sistema nervoso, cardiovasculares, do trato alimentar, obstrução do sistema respiratório e oftalmológicos.

Em maio de 2020, já em plena pandemia, os dados apontam para algumas semelhanças e diferenças entre os países. Os medicamentos para o sistema nervoso registaram o maior número de indisponibilidades em todos os países, especialmente os antidepressivos e ansiolíticos em Portugal e Espanha. No caso dos medicamentos para o sistema respiratório, mostraram um comportamento diferente, potencialmente devido às diferentes medidas tomadas em cada país. Portugal e Espanha coincidiram na diminuição de indisponibilidades nestes medicamentos, enquanto que, em Itália e França, as indisponibilidades com estes medicamentos aumentaram. O mesmo aconteceu com medicamentos à base de hidroxicloroquina, utilizados durante a pandemia, e que no período analisado apenas apresentaram indisponibilidades em Itália e Espanha.

Com a finalização do projeto, o objetivo dos países participantes é continuar a trabalhar em conjunto para facilitar a implementação técnica de um sistema europeu de troca de informação sobre a indisponibilidade de medicamentos, que seja útil e adicione valor às autoridades, atores da cadeia do medicamento, mas em particular, ao doente. 

 

Fonte: 
LPM Comunicação
Nota: 
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