Potencial terapêutico das células estaminais do tecido do cordão umbilical impulsiona mais de 250 ensaios clínicos
Os resultados da utilização destas células em terapias experimentais foram já publicados em alguns artigos científicos, com perspetivas promissoras da sua aplicação na prática clínica, tendo uma das primeiras aplicações sido no contexto da doença do enxerto contra o hospedeiro, após transplante hematopoiético.
As células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical têm sido associadas a melhorias na qualidade de vida de pessoas com doença de Crohn e à diminuição da necessidade de insulina em doentes com diabetes tipo 1. Outras doenças nas quais a administração destas células tem alcançado resultados favoráveis, com melhoria dos sintomas, incluem esclerose múltipla, lúpus eritematoso sistémico, lesões da espinal medula, artrite reumatoide, autismo, paralisia cerebral e casos graves de COVID‑19, entre outras. Em particular no que se refere à COVID‑19, o tratamento com células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical mostrou ser capaz de suprimir a inflamação e melhorar a sintomatologia ao nível pulmonar.
“Com a evidência científica a demonstrar que a aplicação clínica destas células é segura, bem como resultados preliminares promissores ao nível da eficácia terapêutica, é fundamental que a investigação nesta área continue com vista a obter dados mais robustos e conclusivos”, sublinha Carla Cardoso, diretora do Departamento de I&D da Crioestaminal.
“O avanço na investigação poderá permitir que, num futuro próximo, estas células sejam usadas no tratamento de várias doenças graves, atualmente sem opções de tratamento eficazes”, acrescenta.
O tecido do cordão umbilical constitui uma das principais fontes de células estaminais mesenquimais, embora estas células possam também ser obtidas a partir da medula óssea, da placenta, do tecido adiposo e do sangue do cordão umbilical.
As células estaminais mesenquimais são capazes de regular a atividade do sistema imunitário, controlando reações imunológicas exacerbadas características das doenças autoimunes, da doença do enxerto contra o hospedeiro e da síndrome de dificuldade respiratória aguda (ARDS, de Acute Respiratory Distress Syndrome), comum em casos graves de COVID‑19, podendo, por isso, ser úteis no tratamento destas doenças.
O seu potencial terapêutico resulta da possibilidade de serem facilmente multiplicadas em laboratório, da capacidade de migrarem para o local da lesão, de promoverem a libertação de moléculas que estimulam a regeneração de vários órgãos e, ainda, da capacidade de se de diferenciarem em vários tipos de células (da cartilagem, do osso e da gordura, entre outras) - o que se encontra a ser explorado na área de engenharia de tecidos, com o objetivo de permitir a substituição de tecidos lesados.