Possibilidades de sucesso no tratamento oncológico em animais de companhia têm aumentado
Alguns tipos de tumor são benignos e não representam uma ameaça imediata. Contudo, os tumores malignos devem ser diagnosticados e tratados com a maior celeridade possível a partir do momento da deteção. As doenças oncológicas afetam, sobretudo, animais com idades mais avançadas, ainda que alguns tipos de tumores possam desenvolver-se em animais mais jovens.
Os cuidadores devem estar atentos a alterações de comportamento, perda de vitalidade ou perceber se o seu cão ou gato bebe e/ou urina mais do que o habitual. Outros sinais mais evidentes são a tosse, sangramento da cavidade oral, fezes escuras, distensão abdominal ou cansaço extremo. Estes sinais devem ser tidos ainda mais em conta se o animal tiver alguma idade. Nas fêmeas é importante palpar frequentemente a cadeia mamária e qualquer nódulo suspeito deve ser avaliado pelo médico veterinário. Qualquer lesão nova, mesmo que não cresça, mas que não desapareça ao final de duas semanas, deve ser diagnosticada, pois pode tratar-se de um tumor.
“Quando a doença oncológica é detetada num estadio inicial, as possibilidades de cura são elevadas. Contudo, esta deteção atempada só é possível quando os cuidadores estão atentos e informados e mantêm rotinas de visita ao seu médico veterinário”, refere Joaquim Henriques, médico veterinário, Diretor do Centro de Referência em Oncologia e Cirurgia Oncológica Veterinária no AniCura Atlântico Hospital Veterinário (COA).
Os meios de diagnóstico possibilitam, hoje, a identificação exata destas doenças e a sua caracterização e, tal como na Medicina humana, “existem tratamentos que permitem prolongar a qualidade de vida destes animais e, em alguns casos, muito particulares, permitindo a remissão longa ou até mesmo a cura”, refere Joaquim Henriques.
A prevenção e acompanhamento são, assim, a chave para o diagnóstico atempado das doenças oncológicas. Visitas regulares ao médico veterinário permitem a deteção atempada e um melhor prognóstico para os animais de companhia. Quando são detetados alguns sintomas que podem indicar a presença de doença oncológica, o médico veterinário procede a métodos complementares de diagnóstico, como análises sanguíneas, citologias, biópsias, ecografia, tomografia ou ressonância magnética, etc. As técnicas de diagnóstico permitem determinar o tipo de cancro e direcionar, assim, o tratamento adequado ao animal.
Lembra Joaquim Henriques que “nem todos os animais serão bons candidatos a determinados tipos de tratamento e há que ter uma conversa franca com o cuidador no que diz respeito a benefícios e o que engloba um plano de tratamentos”. Numa grande parte dos tumores o animal poderá ter de ser sujeito a cirurgia para remoção da massa tumoral. Quando tal não é possível, pode recorrer-se à quimioterapia, radioterapia, electro quimioterapia ou imunoterapia, entre outras. A maioria destes tratamentos não apresenta efeitos secundários tão intensos como acontece nos humanos. Os animais mantêm, na grande maioria, uma boa qualidade de vida durante os tratamentos.
Alguns tipos de cancro podem ser prevenidos, como o cancro do sistema reprodutor em machos e fêmeas. A castração em cadelas jovens previne o cancro da mama, tumores do útero e do ovário. Em cães, a castração reduz o risco de o animal padecer de cancro dos testículos e de doenças da próstata. Ainda que a predisposição para o desenvolvimento de cancro não possa ser evitada, cuidados com a alimentação podem atuar como forma de prevenção, já que a obesidade é uma das doenças que promove o surgimento de tumores.
Enquanto responsável do Centro de Referência em Oncologia e Cirurgia Oncológica Veterinária no AniCura Atlântico Hospital Veterinário (COA), o Prof. Dr. Joaquim Henriques conta que, “atualmente, os centros e os profissionais de veterinária estão cada vez mais capacitados para receber e atuar em casos de cancro em animais de companhia” sendo, em diversas situações, o próprio e a sua equipa, referenciados por equipas internacionais.