Observatório de Saúde apresenta “Os portugueses e a Saúde no pós-pandemia”

Portugueses insatisfeitos com o acesso aos serviços de saúde

No que diz respeito aos serviços de Saúde em Portugal, apenas 15% dos inquiridos revelou estar muito satisfeito com o acesso aos cuidados de saúde no SNS. Este valor contrasta claramente com os 89,3% dos inquiridos que considera o acesso aos cuidados de saúde no SNS como muito importante. 40,7% está insatisfeito com o tempo de espera para uma consulta da especialidade e 33% com o tempo de espera para uma consulta com o médico de família. O setor privado reúne as preferências dos respondentes com formação superior em detrimento do setor público, com 2 em cada 3 indíviduos a afirmar que confia ou confia muito nos serviços de saúde privados. Estas são algumas das conclusões do primeiro estudo do Observatório de Saúde da Universidade Europeia, que analisa as perceções dos portugueses relativamente aos serviços de Saúde em termos de acesso, utilização, qualidade e confiança, decorridos dois anos desde o início da pandemia.

Coordenado por Ana Passos e Lourdes Martín, da Universidade Europeia, “Os portugueses e a Saúde no pós-pandemia” revela ainda que são os inquiridos entre os 36 e os 45 anos os que mais valorizam o acesso aos cuidados de saúde no SNS e o tempo de espera para a realização de uma intervenção cirúrgica. O estudo indica ainda que são os residentes do Norte do país os que mais valorizam o acesso aos cuidados de saúde no SNS e que simultaneamente consideram menos importante a liberdade de escolha entre o setor público e o setor privado da saúde.

Do total de inquiridos, 78% refere ter Médico de Família, sendo que 48,7% menciona ter dificuldades em aceder a Consultas de Especialidade e, de entre estes, 30,2% aguarda há mais de três meses por esse tipo de Consulta. No que respeita ao acesso a Exames de Diagnóstico, 35,4% refere dificuldades em realizar Exames de Diagnóstico, sendo que 27,2% aguarda há mais de três meses pela realização de um Exame de Diagnóstico.

“A diferença apontada pelo estudo entre os níveis médios de importância e satisfação atribuído pelos inquiridos a diversos aspetos dos serviços de Saúde, sugere a necessidade de se realizarem ações concretas de melhoria, nomeadamente, na diminuição do tempo de espera de uma intervenção cirúrgica e o tempo de espera de consultas de especialidade”, destaca a autora do estudo, Ana Passos.

Relativamente à caracterização da utilização dos serviços de Saúde, 89,3% dos inquiridos afirma ter recorrido a um serviço no último ano, num dos diferentes setores. Destes, 51,5% afirma utilizar regularmente o Serviço Nacional de Saúde (a maioria, uma vez por ano ou a cada 6 meses), enquanto 67,7% admite ter recorrido ao setor privado, a maioria, uma vez por ano.

No que diz respeito aos utilizadores do SNS, os serviços mais procurados são os Cuidados de Saúde Primários (Médico de Família, outro médico em Centro de Saúde ou USF). Já no setor privado, os serviços mais utilizados (56%) são as Consultas Médicas de Especialidade nos Cuidados de Saúde Hospitalares.

Quanto à qualidade dos serviços de Saúde, no geral (público e privado) verifica-se um padrão de respostas positivo, destacando-se o bom atendimento (em média 97% dos inquiridos), esclarecimento claro e percetível (89%), conforto e informação (87%). 

Do total de inquiridos, 73,4% refere ainda ser titular de uma cobertura de financiamento complementar ao SNS, com a grande maioria dos inquiridos (66,3%) a classificar o seu estado de saúde atual como bom ou muito bom.

“Os portugueses e a Saúde no pós-pandemia” foi realizado através de um inquérito online, entre os dias 22 de fevereiro e 19 de março de 2022. Trata-se de uma amostra não probabilística “bola de neve” não representativa da população portuguesa, embora de abrangência nacional. O estudo baseou-se na recolha de 2.028 respostas de inquiridos, com idade igual ou superior a 18 anos, que aceitaram voluntariamente participar no estudo.

Trata-se do primeiro estudo do Observatório de Saúde, criado no âmbito da missão da Universidade Europeia da transferência de conhecimento através da investigação aplicada, cujo princípio orientador é a melhoria da qualidade da informação disponível no apoio aos decisores e no reforço das competências dos cidadãos em matéria de literacia em saúde.

O Observatório de Saúde da Universidade Europeia tem por objetivos a investigação na área da saúde, do sistema e dos serviços de saúde, nomeadamente, através do desenvolvimento de um barómetro de monitorização e avaliação das políticas públicas. Desta forma, a Universidade Europeia pretende contribuir para o desenvolvimento do setor da Saúde, para a promoção da Saúde e a melhoria do bem-estar da população, bem como, para a melhoria do processo de tomada de decisão e qualificação das políticas públicas.

Fonte: 
LPM Comunicação
Nota: 
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