Dados finais da época gripal de 2021/2022

Portugal ultrapassa meta da OMS na taxa de vacinação contra a gripe em pessoas com 65 ou mais anos de idade

Os dados do relatório final do Vacinómetro® 2021/2022 revelam que Portugal ultrapassou a meta de 75% de taxa de vacinação contra a gripe proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo este estudo, cerca de 88,3% (margem de erro de ±3,1% para um IC de 95%) das pessoas com 65 ou mais anos de idade terá sido vacinada.

O Vacinómetro® é um estudo que analisa a monitorização da vacinação contra a gripe durante a época gripal através de questionários realizados a uma amostra populacional definida para determinados grupos, estabelecidos de acordo com as recomendações da Direcão-Geral da Saúde (DGS).

Esta análise revelou que, da população incluída, terão sido vacinados contra a gripe sazonal desde o início da época 2021/2022 cerca de 88,3% dos indivíduos com 65 ou mais anos de idade (margem de erro (ME) de ±3,1% para um intervalo de confiança (IC) de 95%); 83,4% dos indivíduos portadores de doença crónica (ME de ±3,5% para um IC de 95%); 64,4% dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes (ME de ±3,7% para um IC de 95%); 53,3% dos portugueses com idades compreendidas entre os 60 e os 64 anos (ME de ±3,5% para um IC de 95%) e cerca de 60,2% das grávidas (ME de ±3,7% para um IC de 95%).

No que respeita às mulheres grávidas, este grupo tem registado um consistente aumento na cobertura vacinal desde a sua inclusão no regime de disponibilização gratuita da vacina, na época de 2020/2021, quando se passou para uma cobertura vacinal de cerca de 53,6% vindo de uma época de 2019/2020 com uma cobertura de 23,5%. De salientar o crescimento da vacinação no grupo dos 60 aos 64 anos de idade, desde a última fase do estudo (14 a 20 de dezembro de 2021), com um valor que passou de cerca de 38,7% para 53,3%, coincidindo também com a inclusão deste grupo na gratuitidade da vacina a 15 de dezembro de 2021.

Destaca-se que das pessoas com 65 ou mais anos de idade, 8,5% ter-se-ão vacinado pela primeira vez, bem como 25,7% dos 60 aos 64 anos de idade 8,1% dos doentes crónicos e 10,5% dos profissionais de saúde.

“Os dados finais da época gripal 2021/2022 deixam-nos satisfeitos por termos não só cumprido (pelo terceiro ano consecutivo) como ultrapassado largamente a meta da OMS para a cobertura vacinal das pessoas a partir dos 65 anos de idade, garantindo assim a sua proteção contra a gripe e para além da gripe, uma vez que esta infeção aumenta o risco de enfarte agudo do miocárdio e de AVC. Registou-se um aumento da vacinação nas pessoas com doença crónica, que são um grupo de risco para infeções virais como a gripe, uma vez que podem ver a sua doença crónica descontrolada ou agudizada. Bem como no grupo dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes, algo muito importante desde sempre, mas ainda mais durante a pandemia de Covid-19 que vivemos”, destaca Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).  

António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), ressalva: “Estes números excelentes, bem como a clara redução do número de hospitalizações por gripe, revelam que compensou o esforço extra da Direção-Geral da Saúde e do Ministério da Saúde para alargar a cobertura vacinal, bem como a coordenação da vacinação conjunta contra a gripe e a Covid-19. Devemos retirar daqui aprendizagens para a próxima época gripal que vai exigir, com certeza, uma cobertura vacinal igual ou superior contra a gripe, uma vez que nas últimas duas épocas o registo de casos de gripe foi residual devido às medidas implementadas para fazer face à pandemia da Covid-19, o que permite antever uma maior atividade na época 2022/2023”. 

Nos dois grupos de doentes crónicos analisados, 89% das pessoas com diabetes terão sido vacinadas, 5% das quais pela primeira vez (ME de ± 5,9% para um IC de 95% (n=272)), e 84,2% das pessoas com doenças cardiovasculares terão sido vacinadas, 10,7% pela primeira vez (ME de ± 6,0% para um IC de 95% (n=266)). 

No que toca às motivações para a vacinação contra a gripe, da população incluída nas recomendações da Direção-Geral da Saúde, a maioria vacinou-se por recomendação do médico – 66,9% das pessoas com 65 ou mais anos de idade; 65,8% dos doentes crónicos; 43,7% das pessoas entre os 60 e os 64 anos de idade; e 63,7% das grávidas. A segunda motivação mais apontada foi por iniciativa própria, para estar protegido – em 26,5% das pessoas com 65 ou mais anos de idade; 21,7% dos doentes crónicos; 39,6% das pessoas entre os 60 e os 64 anos de idade; 19,8% das grávidas e 11,6% dos profissionais de saúde. No contexto de uma iniciativa laboral foi a razão apontada para a vacinação de 82% dos profissionais de saúde.

A campanha de vacinação deste ano decorreu por ordem decrescente de idades, através de convocatória por SMS para a administração em simultâneo da vacina contra a gripe e contra a COVID-19 ou apenas para a vacina contra a gripe (se não forem elegíveis para COVID-19) (1), o que, aliado a outras iniciativas, poderá ter contribuído para um aumento da cobertura vacinal e prevenção de complicações para além da gripe.

Fonte: 
Float
Nota: 
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