Cerca de 70% dos portugueses utilizam meios digitais como fonte de informação

Podcast “Lado B da Literacia” alerta para os perigos da qualidade da informação em Saúde

Os dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que cerca de 70% dos portugueses utilizam meios digitais como principal fonte de informação sobre saúde, sendo um desafio garantir que a informação que é encontrada tem como base a melhor evidência disponível. Por isso, o mais recente episódio do podcast Lado B da Literacia intitulado “Literacia na Era da Informação” foca-se na análise de como os meios de comunicação podem ser uma força positiva na promoção da Literacia em Saúde e como podemos evitar riscos associados à desinformação.

Com a moderação de Ana Rita Pedro, especialista em literacia em saúde da ENSP NOVA, o episódio contou com a presença do jornalista da SIC João Moleira, com a enfermeira e autora do blog A Mãe Imperfeita, Carmen Garcia, e da consultora de comunicação em saúde, Débora Miranda.

Segundo o jornalista da SIC João Moleira, o papel dos meios de comunicação na promoção da saúde e na promoção da literacia em saúde trata-se de “um papel muito importante, principalmente, porque a saúde é algo que vende (…) É o bem mais precioso que temos, (…) e está em segundo lugar nas prioridades dos portugueses, logo a seguir à família”. No Lado B da Literacia, um dos focos da conversa foi a dificuldade em encontrar fontes credíveis, principalmente em informações disponíveis através das redes sociais, pois embora a saúde seja mediaticamente relevante, “ainda não atingimos um ponto ótimo em termos de acessibilidade às fontes fidedignas”, observou.

Carmen Garcia abordou os desafios das redes sociais na promoção de uma literacia em saúde eficaz, alertando para a proliferação de influenciadores sem base científica: “Cada vez mais, notamos que tudo o que se relaciona com a maternidade ou com outras inúmeras questões relacionadas com a saúde se tornou um negócio. Mas o problema é que, por trás disso, muitas vezes não há qualquer conhecimento real ou científico.”

Por outro lado, Débora Miranda reforçou a ideia de que a literacia em saúde vai além da informação, e que a motivação é essencial para mudar comportamentos: “A pandemia foi uma grande lição de como lidar com a incerteza. As pessoas precisam de confiança para adotar comportamentos saudáveis, e os meios de comunicação podem ser essa ponte.” Sublinhou ainda que “a pandemia mostrou a importância da comunicação na gestão da saúde pública, mas agora é essencial que não se perca esse aprendizado. A comunicação em saúde precisa de ser constante, e não apenas em situações de emergência.”

Durante o episódio, foi ainda discutido o impacto da pandemia na forma como a saúde é comunicada. “A pandemia aproximou-nos dos profissionais de saúde”, disse João Moleira. “Descobrimos excelentes comunicadores que ficaram conhecidos durante este período, mas, infelizmente, a saúde perdeu o protagonismo mediático que tinha na altura.”

Carmen Garcia concluiu que “não podemos educar para a saúde se não estamos onde as pessoas estão. Se deixarmos a desinformação proliferar, acontecem situações como as que ainda vivemos com a vacinação contra a COVID-19. Temos de ir às redes sociais, porque é lá que o público está.”

Fonte: 
Projeto “Saúde que Conta”
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay