Instituto Ricardo Jorge colabora em estudo internacional sobre Hipercolesterolemia Familiar

Países pobres não conseguem atingir valores de colesterol recomendados pelas diretrizes internacionais

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) colaborou num estudo internacional de avaliação de doentes Homozigotos com Hipercolesterolemia Familiar (HoFH). Os resultados deste trabalho foram agora publicados na revista “The Lancet” e permitem caracterizar a população adulta com esta doença genética rara a nível mundial.

De um modo geral, os doentes com HoFH têm níveis bastante elevados de colesterol-LDL no sangue e desenvolvem doença cardiovascular aterosclerótica muito precocemente. Dada a raridade da doença, os estudos até à data realizados envolveram poucos doentes. O objetivo deste novo trabalho foi avaliar as características clínicas e genéticas da doença e o impacto dos vários tratamentos atualmente utilizados para baixar o colesterol sanguíneo nos HoFH em todo o mundo.

Este estudo permitiu verificar a existência de homogeneidade nos valores de colesterol-LDL antes do início do tratamento, enquanto houve uma diferença acentuada nos valores do colesterol-LDL nos doentes em tratamento consoante o desenvolvimento económico do país onde vivem. Segundo a análise houve uma descida mais acentuada nos valores de colesterol-LDL nos doentes de países mais ricos do que nos países pobres.

Por outro lado, houve mais doentes a conseguir atingir o valor de colesterol recomendado pelas diretrizes internacionais nos países ricos (21%) do que nos pobres (3%), refletindo uma assimetria no acesso ao tratamento. Outro dos resultados indica que 66,6% dos doentes dos países ricos receberam uma intervenção terapêutica mais agressiva com três ou mais fármacos hipolipemiantes contra 24% nos países pobres. Também foi possível apurar que o primeiro evento cardiovascular adverso importante ocorre cerca de uma década antes nos países pobres.

Os autores concluíram ainda que os doentes com HoFH são diagnosticados tardiamente, estão submedicados e têm um elevado risco de desenvolver doença cardiovascular aterosclerótica prematura. O uso de regimes terapêuticos combinados está relacionado com valores mais baixos de colesterol-LDL e melhor sobrevida.

Por outro lado, foi possível constatar que a nível mundial existem diferenças significativas nos regimes terapêuticos, controlo dos níveis de colesterol-LDL e na sobrevivência à doença sem desenvolver eventos cardiovasculares, o que exige uma reavaliação crítica da política global de saúde, para reduzir as desigualdades e melhorar a vida de todos os doentes com HoFH.

 

Fonte: 
INSA
Nota: 
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