Pacientes com depressão podem apresentar traços de perversão e manipulação, diz estudo

Um estudo recente concluiu que pacientes diagnosticados com depressão severa apresentam traços de perversão, no uso de manipulação através da autovitimização na tentativa de dominação do outro.
O estudo tem como autores a neuropsicóloga brasileira Roselene Espírito Santo Wagner e o português Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, doutorado em neurociências e teve como objetivo resumir as três grandes estruturas mentais da psicanálise: neurose, psicose e perversão.
De acordo com os autores, para a realização do estudo foi necessário articular o funcionamento dos três fatores aos devidos mecanismos de defesa do paciente em questão.
A paciente que participou do estudo, que teve sua identidade preservada, apresenta um quadro definido como “neurótica histérica com diagnóstico de depressão, que usa de traços da perversão para dominação pela manipulação, através de mecanismo de defesa de vitimização e culpa”.
A paciente que colaborou com o estudo tem 35 anos relatou baixa autoestima, problemas com falta de atenção e memória, desesperança, irritabilidade, pensamentos suicidas e outros sintomas. Após o diagnóstico de depressão severa, ela faz acompanhamento psiquiátrico e uso de medicamentos.
A partir do acompanhamento foi possível concluir que ela relatava uma vida feliz no passado, felicidade ligada ao casamento que tinha. Apesar de trabalhar, ela também não se sente realizada, nem bem-sucedida.
“Migrou sua dependência e carência do ex-marido para uma amiga mais velha por quem ela nutre uma dependência emocional. Reconhece que prefere viver de migalhas emocionais, mas sem ter esforço”, diz o estudo.
O estudo também mostrou que o comportamento da paciente proporcionava ganhos imediatos e primários com perdas secundárias a médio e longo prazo e que ela se colocava em “uma posição infantilizada, que se mantém no gozo pela negação e projeção.”
Para os especialistas, o quadro da paciente a impede de tomar decisões, se mantendo no sofrimento por não ter coragem de enfrentar a dor, pois esta emoção negativa têm também uma dimensão curativa; sendo essa evitação a causa dos seus sintomas histéricos. Diante disso, o estudo mostrou que a paciente traz uma estrutura mental neurótica, que usa como mecanismo de defesa o recalque e a repressão, o que acaba impedindo a consciência de suas próprias fragilidades.