P-Bio e EuropaBio promovem o debate sobre a importância da biotecnologia para o crescimento da Europa
Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, referiu que é importante entendermos “o papel chave da ciência fundamental em articulação com a capacidade de construir, desenvolver e comercializar estes produtos e sistemas disruptivos”. Manuel Heitor referiu ainda a importância da criação de uma rede de associações nacionais, como é o caso da EuropaBio, sendo importante “promover essa diversidade”. “No caso português, a P-Bio tem sido provocadora e uma inspiração para a troca de ideias dos empreendedores”, promovendo “a evolução do setor da biotecnologia”, assinalou.
Claire Skentelbery, Diretora Geral da EuropaBio, abordou a importância da biotecnologia como uma força económica forte, inserida num ecossistema moldado por políticas complexas, sendo importante que a Europa planeie e meça os avanços no contexto global, de forma a que a biotecnologia atinja o máximo desempenho social e económico para o continente europeu. Claire Skentelbery destacou, ainda, que o setor da biotecnologia contribuiu para o crescimento de 1,8% na economia entre 2008 e 2018 e na criação de 933 500 empregos na Europa.
David Braga Malta, CEO da LiMM Therapeutics e vogal da direção da P-BIO, falou sobre o programa Bio-Saúde 2030, do qual é coordenador. O projeto criado pela P-Bio pretende posicionar Portugal como um centro de Investigação e Desenvolvimento em Biotecnologia e Ciências da Vida e um pilar estratégico da capacidade de produção na União Europeia (UE), tornando o nosso país na Fábrica da Europa para a Saúde. David Braga Malta referiu também que Portugal é um país propício para ocupar este lugar, devido a características próprias, como a capacidade da indústria; a excelência científica; inovação propiciada pela colaboração, incluindo a Academia; recursos humanos altamente qualificados; possibilidade de criação de equipas mais estáveis, já que, em Portugal, os colaboradores são, por norma, fiéis às empresas para as quais trabalham; qualidade de vida; posição geográfica.
Elke Grooten, Head of EU Relations da Novartis, referiu a parceria da Novartis com outras companhias farmacêuticas, no apoio à produção de vacinas e de tratamentos para a Covid-19, dando prioridade à luta contra a pandemia e procurando assegurar “o acesso contínuo dos medicamentos necessários”. Elke Grooten revelou que, antes da pandemia, havia uma produção total estimada de 5 mil milhões de vacinas no mundo para as diversas aplicações, mas que, em 2021, é esperado que a produção de vacinas contra a COVID-19 atinja um valor de 10 mil milhões de doses.
Sinan Atlığ, Regional President IDM do departamento de Vacinas da Pfizer, assinalou que “a Pfizer aprendeu a pensar como uma empresa de biotecnologia em resultado da sua parceria com a BioNTech”, referindo que viu mudanças no ritmo da tomada de decisões, como é o caso dos investimentos aprovados em tecnologia mRNA fora do coronavírus. Para Atlığ, tal mostra “a importância da colaboração precoce em I&D, e não apenas da colaboração em fases tardias”. Atualmente, a vacina produzida pela Pfizer e BioNTech chega a 91 países, com uma expectativa de distribuição de 2,5 mil milhões de doses para este ano. “Devemos criar um ambiente que permite o florescimento entre as empresas e a colaboração para responder à pandemia”, salienta.
Bruno Santos, Cofundador e CEO da Immunethep, referiu os principais desafios que empresas como a Immunethep enfrentam no processo de desenvolvimento: regulação; novos mecanismos; estabelecimento de correlações de proteção; o facto de investimentos farmacêuticos em prevenção (produtos de toma única) serem vistos como menos rentáveis do que as receitas recorrentes de tratamento. Já Kim Kjøller, CEO da UNION Therapeutics, assinalou que, apesar de as vacinas serem o instrumento chave contra o vírus, não têm 100% de eficácia e é preciso pensar noutras formas de combater a Covid-19. Kjøller considera, ainda, que seria importante a União Europeia ajudar as pequenas e médias empresas em processos tardios do desenvolvimento.
Simão Soares, Presidente da P-Bio, esteve presente no painel final e salientou que “temos de pensar além das vacinas. Vimos uma disrupção das cadeias de distribuição e não apenas com temas relacionados com saúde”, aludindo à importância da “colaboração entre academia, startups e grandes empresas”. Simão Soares referiu ainda que “é importante entender que biotecnologia tem as suas próprias especificidades. Os mecanismos para movimentar os fundos estruturais precisam de ter em conta a forma como a biotecnologia se desenvolve”. “É preciso pensar além de Portugal e ter em conta a Europa como o nosso mercado, de forma a acelerar colaborações entre empresas de diferentes países”, destacou. Chloe Evans (Market Research Manager & International Relations da France Biotech), Hanne Mette Dyrlie Kristensen, (CEO da empresa norueguesa The Life Science Cluster) e Agne Vaitkeviciene (Executive Director da Lithuanian Biotechnology Association) completaram o painel que juntou a perspetiva de diferentes associações europeias.
A partir deste evento, surgirá um documento com a posição da EuropaBio e que servirá de indicador para a construção de iniciativas e políticas para potenciar biotecnologia, de forma a reforçar a competitividade e a liderança da economia na Europa a partir de políticas e ações nacionais alinhadas e ambiciosas. O vídeo da sessão está disponível aqui.