OMS concede uso de emergência à vacina contra a Covid-19 da Sinovac
A autorização abre caminho para que as doses de CoronaVac sejam distribuídas por países de todo o mundo através do programa COVAX coliderado pela OMS. "O mundo precisa desesperadamente de múltiplas vacinas contra a Covid-19 para fazer face à enorme desigualdade de acesso em todo o mundo", afirmou Mariângela Simão, diretora-geral adjunta da OMS para o acesso a produtos de saúde.
As concessões de emergência anteriores da OMS foram concedidas à Pfizer/BioNTech, à Johnson & Johnson, moderna e à vacina AstraZeneca feita por dois fabricantes diferentes, a SK Bio e o Instituto do Soro da Índia. A última autorização surge na sequência de um relatório recente que diz que os funcionários da OMS queriam ver mais dados sobre a segurança do CoronaVac, bem como o processo de fabrico da Sinovac para determinar se a empresa estava a cumprir as normas da OMS.
Ao aprovar o CoronaVac, a OMS destacou o facto de o CoronaVac poder ser armazenado a temperaturas normais do frigorífico, tornando-o "muito manejável e particularmente adequado para configurações de baixo recurso".
Resultados da eficácia mista de estudos globais
A OMS disse ainda que o seu Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE) analisou os resultados da eficácia que mostram que a vacina preveniu a doença sintomática em 51% das pessoas inoculadas e preveniu a doença grave e a hospitalização em 100% dos participantes nos ensaios. A agência referiu que poucos adultos com mais de 60 anos foram matriculados em ensaios clínicos do CoronaVac, "pelo que a eficácia não pode ser estimada nesta faixa etária", embora ainda não esteja a recomendar um limite de idade superior "porque os dados recolhidos durante a utilização subsequente em vários países e dados de imunogenicidade de apoio sugerem que a vacina é suscetível de ter um efeito protetor em pessoas mais velhas".
De acordo com o relatório de avaliação de evidências da SAGE, os ensaios clínicos da fase III da vacina de Sinovac foram realizados na Turquia, Chile, Indonésia e Brasil com resultados de eficácia variados. A proteção contra a Covid-19 sintomática pelo menos 14 dias após a segunda dose foi de 84% no ensaio turco, mas caiu para 65% e 51%, respetivamente, nos estudos realizados na Indonésia e no Brasil. Entretanto, a eficácia da vacina no estudo chileno foi de 67% pelo menos 14 dias após duas doses, e embora se saiba que o P.1. e as variantes B.1.1.7 "circulavam no momento do estudo", diz o relatório da SAGE que diz que "a extensão é desconhecida com base na vigilância disponível".
Entretanto, não é claro quantas doses quer a Sinovac quer a Sinopharm podem entregar à COVAX nem quando, mas Mariângela Simão afirmou que "instamos os fabricantes a participarem nas instalações da COVAX, a partilharem o seu know-how e dados e a contribuir para controlar a pandemia".