O impacto das alterações climáticas na saúde humana em debate no Festival Internacional de Ciência
A sessão conta com a participação de Luís Campos (Especialista em Medicina Interna, Presidente da Comissão de Qualidade e Assuntos Profissionais da Federação Europeia de Medicina Interna, Comissário do Plano Nacional de Saúde 2021-2030), Isabel Saraiva (Presidente da Respira – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas), Rui Dias (Professor Catedrático na Escola de Ciências e Tecnologia, Especialista em Geologia Estrutural e Tectónica) e Guilherme Monteiro Ferreira (Diretor de Acesso ao Mercado e Assuntos Externos da GSK). A moderação fica a cargo de Susana Paixão (Especialista em Saúde Ambiental e Presidente da Federação Internacional de Saúde Ambiental).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) equipara o problema da poluição atmosférica a outros riscos para a saúde global, como uma dieta pouco saudável e o tabagismo. Estudos recentes apontam a exposição à poluição ambiental como a causa de sete milhões de mortes prematuras por ano, resultando na perda de muitos mais milhões de anos de vida. Por seu lado, a Agência Europeia do Meio Ambiente, estima que a poluição esteja associada a mais de 10% dos casos de cancro na Europa. Na União Europeia, 2,7 milhões de pessoas são diagnosticadas com cancro a cada ano e 1,3 milhão morrem devido a esta patologia. O continente europeu, que representa menos de 10% da população mundial, regista quase um quarto dos novos casos e um quinto das mortes.
Enquanto especialista em Medicina Interna, Luís Campos afirma que “as alterações climáticas e a degradação dos ecossistemas já estão a ter um impacto significativo na saúde das pessoas. O maior estudo do mundo sobre mortalidade global relacionada com o clima concluiu que, mais de cinco milhões de mortes em excesso por ano, podem ser atribuídas a temperaturas anormalmente extremas, sendo a poluição atualmente responsável por aproximadamente 9 milhões de mortes anuais, o equivalente a uma em cada seis mortes em todo o mundo. É urgente falar destes assuntos a uma só voz, para que nos façamos ouvir, difundir o muito que já está a ser feito a nível de muitas organizações e agregar as instituições relacionadas com saúde neste objetivo comum”.
Isabel Saraiva, Presidente da Associação Respira, assume particular preocupação com a poluição atmosférica e sublinha que “de acordo com a Agência Europeia do Ambiente, a poluição atmosférica causou, em 2019, a morte prematura de 364.200 pessoas na União Europeia. Em Portugal, nesse ano, só a exposição a partículas finas provocou 4900 mortes prematuras. Se, por um lado a ciência vai fazendo várias conquistas no tratamento das doenças respiratórias, por outro, a poluição vai-nos tirando anos e qualidade de vida. É tempo de agir com firmeza para que todos possamos respirar melhor, hoje e, sobretudo, no futuro”.
Por seu lado, Guilherme Monteiro Ferreira, defende que “a GSK, enquanto empresa de ciência e inovação das ciências da saúde, sente uma responsabilidade acrescida na resposta ao desafio global das alterações climáticas. É fundamental para o nosso propósito ajudar a proteger e restaurar a saúde do nosso planeta, para cuidar e melhorar a saúde das pessoas”.