Novas mutações no vírus vão começar a 'prejudicar' a eficácia da vacina, diz investigador

Em entrevista ao DailyMail, o investigado é perentório: “os cientistas precisam começar a desenvolver novas vacinas Covid agora, para impedir que o coronavírus evolua para escapar do sistema imunitário”.
Segundo o professor da Universidade de Cambridge, as vacinas atuais funcionarão sobre o vírus atual, “mas devem ser mantidas atualizadas com novas variantes para evitar que uma mutação leve a que estas deixem de funcionar”.
Se a eficácia da vacina for muito baixa, existe um risco maior de as pessoas serem infetadas, apesar de terem recebido uma vacina, acrescenta.
Neste momento há três mutações do SARS-CoV-2 que estão a deixar os cientistas preocupados. São elas as estirpes encontradas no Reino Unido, Africa do Sul e Brasil.
Através de um pequeno estudo, foi possível verificar que metade dos sobreviventes do coronavírus que foram expostos à variante sul-africana apresentavam baixa imunidade ao vírus.
Por outro lado, Gupta descobriu que as mutações na variante que surgiu em Kent, em Inglaterra, parecem levar a uma "redução na eficácia" da vacina Pfizer.
Embora as vacinas já aprovadas para uso na Grã-Bretanha ainda devam funcionar contra os vírus já em circulação, o professor Gupta alertou que elas não funcionarão para sempre se o coronavírus continuar mutando. A maioria é baseada em versões do vírus de há quase um ano.
“Chegou a hora - precisamos de novas vacinas agora. Sabemos quais as mutações que estão a surgir e vai levar meses, faça o que fizermos".
Tanto a AstraZeneca quanto a Pfizer estão a estudar as novas variantes do coronavírus para perceber como vão mudar as suas vacinas, mas nenhuma das duas começou a fabricá-las.
As novas variantes do coronavírus têm mutações na proteína spike que são essenciais para os anticorpos do sistema imunológico se agarrarem e destruírem.
Pelo menos três variantes principais do coronavírus foram detetadas na Grã-Bretanha nos últimos meses - de Kent, África do Sul e Brasil - e parecem estar evoluindo para se espalhar mais rápido e escapar de algumas partes do sistema imunológico.
O motivo pelo qual novas variantes podem ser capazes de passar pelo sistema imunológico é que as substâncias que o corpo fabrica para combater os vírus são extremamente específicas e se adaptam ao vírus.
Se o vírus muda muito de forma - e eles mudam constantemente por causa de erros aleatórios quando se reproduzem, mesmo que muitas dessas mudanças não façam diferença - o sistema imunológico não será capaz de se ligar a ele.
Se as vacinas não acompanharem as mudanças, disse o professor Gupta, há o risco de que pequenas mutações se acumulem e se tornem uma bola de neve para alterar significativamente o vírus e tornar as vacinas menos eficazes.
Isso pode levar a surtos novamente, mesmo depois de todos terem sido vacinados.
Uma das mutações mais preocupantes até agora é chamada E484K e é encontrada na variante que surgiu na África do Sul e duas variantes do Brasil.