8 de setembro | Dia Mundial da Fisioterapia

Norte do país tem menos de um fisioterapeuta para cada cem mil habitantes nos cuidados de saúde primários

APFISIO assinala Dia Mundial da Fisioterapia com alerta para a necessidade de reforçar número de profissionais a colaborar no sistema de saúde público, recordando que, em Portugal, Apesar da esperança média de vida ultrapassar os 81 anos, O número de anos vividos sem problemas de sáude moderados ou severos é de apenas 58,6.

Em Portugal, cerca de 30% dos Agrupamentos de Centros de Saúde não tem fisioterapeutas, sendo a Região de Lisboa e Vale do Tejo e a Região Norte as que apresentam os valores mais baixos do país, com a Região Norte a não atingir o valor médio de um fisioterapeuta para cada cem mil habitantes.

Estes dados são avançados pela Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFisio), que assinala o Dia Mundial da Fisioterapia, hoje, 8 de setembro, com um alerta para a necessidade urgente de um forte investimento em recursos humanos de fisioterapia nos Cuidados de Saúde Primários.

O presidente da APFisio, Adérito Seixas, sublinha que a insuficiência do número de profissionais afetos ao serviço público não se verifica exclusivamente nos Cuidados de Saúde Primários.

“De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, existem apenas 906 fisioterapeutas nos hospitais públicos. No global, considerando os hospitais públicos e os Cuidados de Saúde Primários, o número de fisioterapeutas no sistema de saúde público é pouco superior a mil. Vemos estes números com muita apreensão. É uma situação muito grave e que requer correção urgente”, reforça Adérito Seixas.

Segundo o mesmo responsável, outro problema que carece de atenção imediata prende-se com a acessibilidade do cidadão aos cuidados de fisioterapia.

“O Estado investe na formação de elevada qualidade dos fisioterapeutas, mas ao mesmo tempo apresenta grande inércia na criação de condições que garantam o acesso do cidadão aos cuidados destes profissionais. Estamos a falar de profissionais autónomos, com autonomia consagrada na Lei, habilitados para serem profissionais de primeiro contacto, mas o Estado, através de várias disposições normativas, força o contribuinte a pagar consultas médicas adicionais antes de poder aceder aos cuidados de fisioterapia”, alerta Adérito Seixas, sublinhando que “esta é a realidade, tanto nos Cuidados de Saúde Primários como nos Cuidados Hospitalares”.

A APFisio recorda que apesar de em Portugal a esperança média de vida ter aumentado para um valor ligeiramente acima dos 81 anos, dados do EUROSTAT indicam que o número de anos vividos sem problemas de saúde moderados ou severos é de apenas 58,6 anos.

“Sabemos também que os problemas músculo-esqueléticos, de saúde mental, neurológicos, a diabetes, doenças respiratórias crónicas e doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de 65% dos anos vividos com incapacidade na população portuguesa”, complementa Adérito Seixas. 

Para a APFisio, esta realidade é demonstrativa da necessidade de promover uma adequada utilização dos recursos de fisioterapia, o que permitiria obter ganhos em saúde nas pessoas com aquelas condições e ganhos de eficiência no SNS – redução de consultas médicas, redução de exames de diagnóstico, redução de procedimentos cirúrgicos, redução do absentismo laboral, retorno mais rápido à atividade e melhoria da participação social.

“Num país em que, de acordo com a PORDATA, 21,7% da população tem mais de 65 anos e com 157,4 pessoas idosas por cada 100 jovens, será fácil de antecipar a elevada carga de doença atribuída às condições referidas previamente nesta população”, considera Adérito Seixas.

Atendendo a que as condições crónicas de saúde e de multimorbilidade assumem cada vez maior relevância e impacto na vida das pessoas, das suas famílias e no sistema de saúde, e são responsáveis pelos anos de vida com incapacidade, o presidente da APFisio defende tratar-se de um indicador de saúde que “Portugal e os portugueses devem exigir ver melhorado, uma vez que essa melhoria depende das políticas de saúde assumidas pelos governantes”.

“Neste momento, o acesso aos cuidados de fisioterapia no SNS não é eficiente, nem sustentável, por manifesta carência de fisioterapeutas no SNS, mas também porque o acesso aos seus cuidados sofre barreiras normativas, com evidente prejuízo para o SNS e para o utente”, conclui Adérito Seixas, recordando que “nos últimos anos, e de forma recorrente, a APFisio tem manifestado a sua preocupação e estratégias ao Ministério da Saúde, mas não temos observado uma alteração nas políticas de contratação de recursos humanos de fisioterapia”.

Tendo por base relatórios internacionais, a APFisio acredita que os gastos de saúde poderiam ser entre 40 a 60% mais baixos se a tendência do aumento de esperança de vida fosse acompanhada pelo mesmo valor de melhoria da capacidade funcional. 

Fonte: 
News@Work – Consultoria de Comunicação
Nota: 
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