Neurocientista analisa sensação de Déjà Vu e explica a sua relação com o cérebro
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A palavra déjà vu significa "já visto" em francês: “o déjà vu é uma ilusão da perceção que ocorre quando o sujeito experimenta sensações de familiaridade em uma situação nova e desconhecida, levando a se recordar de um acontecimento não vivido”, afirma o neurocientista e mestre em psicanálise Fabiano de Abreu, autor do estudo “o que é déjà vu?”.
Embora a expressão “déjà vu” tenha surgido no século 18, durante muito tempo não haviam estudos científicos sobre esse fenômeno. Fabiano de Abreu pontua que os avanços na neurociência mudaram esse panorama: “atualmente já é possível observar e estudar o fenômeno através da neurologia e atribuir as suas causas a questões neurológicas, especificamente, a distúrbios nas funções cognitivas relacionadas à memória e atenção. Todavia, esse tema ainda é um desafio para a ciência”, contextualiza o neurocientista.
As pesquisas mostram que o fenómeno está relacionado com a memória, a perceção, o lobo temporal e que uma falha do circuito cerebral é responsável por essa falsa sensação de lembrança. Segundo o artigo de Fabiano de Abreu, o déjà vu é considerado um fenômeno sem causas patogênicas nem manifestações físicas e ocorre de maneira rápida e espontânea.
Quando o déjà vu pode ser um problema? “Para que o déjà vu seja considerado de ordem patológica, é necessário que ele aconteça com certa frequência e que tenha um maior tempo de duração”, alerta Fabiano de Abreu.
Em seu estudo, o neurocientista argumenta que indivíduos não familiarizados com o termo podem confundir com outros sintomas, como alucinações e estados fora da realidade. “O déjà vu considerado normal pode acontecer, mas caso seja recorrente, é importante investigar se essas sensações não estão sinalizando algo mais grave”, destaca o PhD neurocientista Fabiano de Abreu.
Existem doenças associadas ao déjà vu: “a epilepsia é uma das patologias mais associadas ao fenômeno. Ela acontece quando há uma alteração das atividades do cérebro, ocorrendo curto-circuito nos disparos elétricos das células nervosas que provoca uma perturbação sem sincronia nos pensamentos e comportamentos”, afirma Fabiano de Abreu.
Embora pesquisadores como Fabiano estudem o déjà vu, a ciência ainda não conseguiu encontrar todas as respostas sobre o fenómeno: não há dados conclusivos sobre suas causas e suas conexões com distúrbios neurológicos, como a epilepsia e esquizofrenia e os psiquiátricos, com a ansiedade e depressão. Para afirmar que o déjà vu ocorreu, é levado em consideração a subjetividade do indivíduo e seu entendimento sobre os próprios processos cognitivos”, explica o neurocientista Fabiano de Abreu.