Estudo

Neurociência pode ajudar no tratamento dos transtornos depressivos

A neurociência é a parte da ciência que estuda o sistema nervoso, principalmente o cérebro. Entender o sistema nervoso humano e as suas limitações, é uma chave crucial para melhor tratar transtornos como a depressão. “O cérebro doente desenvolve um corpo doente e um corpo doente desenvolve um cérebro fraco em todos os aspetos”, explica o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela.

Um bom funcionamento do sistema nervoso consiste numa boa conexão entre neurónios, dendritos, corpo celular, axónios e fenda sináptica. Quando a conexão do SNC falha, promovem-se alterações demonstradas pela ausência, redução ou excesso de neurotransmissão ou tempestades elétricas. “Estudos apontam que 1 a cada 5 pessoas pode apresentar doença mental durante a vida e aproximadamente 4% da população sofre de transtorno mental crónico grave”, detalha o neurocientista.

Atualmente, a depressão tem sido considerada o grande mal que afeta a sociedade civil. A Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta que, no mundo todo, cerca de 350 milhões de pessoas convivem com a depressão. “Essa doença está classificada entre as doenças degenerativas que desenvolvem mortes prematuras”, afirma Fabiano de Abreu. Para o especialista, a depressão não é um problema nos neurotransmissores e sim um problema anatómico do cérebro, que prejudica o funcionamento dos neurotransmissores. “O cérebro é plástico, logo, traumas ou impactos constantes no humor podem moldá-lo de maneira prejudicial”, explica.

A depressão é caracterizada por uma aflição orgânica, psicológica, ambiental e espiritual. É uma espécie de angústia que impacta diretamente no humor e é seguida por perda de interesse, de prazer e alegria na vida. “Com a angústia e a aflição, a pessoa desenvolve dores físicas e psicológicas, gerando um ciclo de sofrimento tão intenso que parece não ter fim”, relata o especialista.

Fabiano alerta ainda para os conceitos pré-concebidos sobre a doença. “O paciente depressivo é, muitas vezes, visto como um preguiçoso ou acomodado pelas pessoas que estão próximas a eles. Ou seja, ao invés de receber socorro, recebem mais uma dificuldade para driblar”. É importante ressaltar que, sem o devido tratamento e atenção médica de qualidade, os pacientes apresentam recaídas e um ciclo de euforia e retorno do quadro depressivo até pior do que o anterior.

Por isso, compreender os aspetos neurobiológicos dos transtornos mentais são importantes para a aproximação da neurociência e da psiquiatria. “Ainda é necessário avançar em tratamentos melhores, mais rápidos e eficientes”, opina o neurocientista. Estudos de terapia como a EDMR, que estimula o cérebro a processar memórias perturbadoras, estão a ganhar espaço no tratamento para alívio dos sintomas. “Vários aspetos estão a ser compreendidos pelos clínicos e cientistas, permitindo uma melhor compreensão do estado crítico nos transtornos de humor e abrindo caminhos para a busca de técnicas mais eficazes de diagnóstico, tratamento, prevenção suicídio e eventuais sequelas cognitivas”, afirmou o neurocientista num estudo publicado pela Revista Multidisciplinar Ciência Latina, que atende todos os países latino americanos.

O estudo sobre o tema foi realizado com apoio da Logos University International, liderado pelo Dr. Fabiano de Abreu e pelo neuropsiquiatra Dr. Francis Moreira da Silveira, além de contar com o auxílio do Dr. André Leandro K. Castanhede, Dr. Paulo Fernando Lopes Dias Alves e Margieli dos Reis Alves.

Fonte: 
MF Press Global
Nota: 
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