As mulheres ainda vivem com mais doenças do que os homens
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Os dados são avançados em “A Saúde das Mulheres, um potencial a alcançar”, um projeto desenvolvido pela Return On Ideas e promovido pela Médis, do Grupo Ageas Portugal, e confirmam o contrassenso de que apesar de uma maior longevidade e cuidado consigo mesmas, as mulheres têm pior saúde física e mental do que os homens. Esta incoerência foi inicialmente observada em 2021, em “A saúde dos Portugueses - um BI em nome próprio”, dando origem ao trabalho de investigação que agora se apresenta. Ambos os estudos fazem parte do Saúdes, um projeto cujo objetivo é contribuir para a produção de conhecimento, a reflexão e o debate público em torno da saúde.
31% de mulheres, vs. 19% de homens, acusa dor intensa, muito intensa ou insuportável. Em muitos casos, verifica-se uma normalização da dor, ou seja, a mesma é aceite com resignação e sem despoletar a procura de algum tipo de ajuda.
Quando as mulheres tiveram de avaliar o seu estado de saúde, numa escala de 1 a 10 a pontuação é de 6.8, enquanto nos homens o valor situa-se nos 7.4. Ainda sobre esta temática, 23% das mulheres consideram-se pouco saudáveis e na faixa etária dos 40+ esta percentagem sobe para os 25%, vs. 13% dos homens com a mesma idade.
No bem-estar o desequilíbrio não se altera, facto comprovado através dos resultados do estudo. Mais de metade das mulheres mostram um nível de bem-estar baixo ou muito baixo (59% das mulheres vs. 50% dos homens) e 73% afirmam sentir ansiedade.
Menstruação, gravidez, menopausa e a relação com o corpo são identificadas como as quatro bolsas de mal-estar que afetam as mulheres. Se é verdade que a biologia, a fisionomia e a própria histórica explicam, em parte, estas bolsas de mal-estar, o estudo mostra como a falta de informação e de consciência e, sobretudo, a normalização do “não estar bem” agravam o problema e contribuem para a desigualdade na saúde e bem-estar que se verifica entre os géneros. “O facto de estarem sujeitas a um ciclo de vida mais acidentado (porque reprodutivo) que os homens, não quer dizer que, necessariamente, as mulheres tenham que se acomodar ao desconforto e normalização do sofrimento, como se de uma fatalidade, de uma inevitabilidade se tratasse”, afirma o responsável científico do estudo e professor catedrático de medicina, Dr. Miguel Oliveira da Silva.
O estudo Saúdes é divulgado hoje, dia 10 de novembro, numa conferência realizada na NOVA Medical School, entre as 10h15 e as 12h00, para discutir a saúde e bem-estar das mulheres, e junta em debate Miguel Oliveira da Silva, Maria João Marques, Teresa Bartolomeu e Adalberto Campos Fernandes.
Pode saber mais sobre o estudo Saúdes aqui: https://www.saudes.pt/