Universidade Oxford

Misturar vacinas da Pfizer e da AstraZeneca pode criar uma forte resposta imunitária, diz estudo

Novos dados do ensaio Com-COV da Universidade Oxford, divulgados esta segunda-feira, sugerem que a mistura da vacina da Pfizer e da AstraZeneca induzem a "altas concentrações de anticorpos" contra a proteína IgG do pico SARS-CoV-2 “quando dadas com quatro semanas de intervalo”. "Isto significa que todos os possíveis calendários de vacinação que envolvam estas duas vacinas podem potencialmente ser usados contra a Covid-19", disseram os autores após a publicação dos resultados no servidor de pré-impressão da The Lancet.

O ensaio Com-COV recrutou 830 voluntários com idade igual ou superior a 50 anos para avaliar quatro combinações diferentes de duas doses – Comirnaty/Comirnaty, Comirnaty/Vaxzevria, Vaxzevria/Vaxzevria, e Vaxzevria/Comirnaty – com intervalo de quatro semanas ou 12 semanas entre a primeira e segunda dose. Os resultados de segurança recentemente comunicados do estudo, que começou em fevereiro, indicaram que os voluntários que receberam uma dose de Vaxzevria seguidos por Comirnaty, ou vice-versa, eram mais propensos a desenvolver reações, em comparação com a vacinação padrão, embora estes fossem tipicamente leves a moderados em severidade.

Ordem da imunização

Nas últimas descobertas, os investigadores observaram que a resposta imunitária muda consoante a ordem em que as doses eram dadas. Por exemplo, a combinação da vacina da AstraZeneca (Vaxzevria) seguida pela vacina da Pfizer (Comirnaty) desencadeou anticorpos mais altos e maior resposta das células T do que quando a ordem foi invertida, embora ambos os regimes mistos induziram respostas de anticorpos maiores do que as duas doses padrão da vacina da AstraZeneca. Além disso, a resposta mais elevada dos anticorpos foi observada após duas doses de Comirnaty, enquanto a resposta mais alta das células T foi vista com a combinação de Vaxzevria na primeira toma com a Comirnaty na segunda.

Matthew Snape, investigador-chefe deste ensaio, disse que as descobertas oferecem "um guia inestimável para o uso de calendários de dose mista", embora tenha salientado que o intervalo de quatro semanas entre doses é mais curto do que o de oito a 12 semanas mais utilizado para a Vaxzevria, que a AstraZeneca codesenvolveu com Oxford. "Este intervalo mais longo é conhecido por resultar numa melhor resposta imunitária, e os resultados de um intervalo de 12 semanas estarão disponíveis em breve", acrescentou Snape.

Dados recentes de ensaios espanhóis são semelhantes

Os dados do Com-COV seguem os resultados de um ensaio semelhante publicado no The Lancet no final da semana passada, testando um calendário misto de vacinas em Espanha. O ensaio da Fase II combiVacs incluiu 676 indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos que tinham sido vacinados com uma dose única de Vaxzevria oito a 12 semanas antes do rastreio. Os participantes aqui foram designados aleatoriamente para receber uma única dose de Comirnaty ou para submeter-se a uma observação contínua. Os investigadores relataram que a Comirnaty, dada como uma segunda dose entre as pessoas já inoculadas com Vaxzevria, induziu uma "resposta imunológica robusta, com um perfil de reação aceitável e manejável".

Entretanto, em abril, os investigadores expandiram o programa Com-COV para incluir mais duas vacinas coronavírus, o mRNA-1273 da Moderna e o NVX-CoV2372 da Novavax, num novo estudo apelidado de Com-COV2, acrescentando mais 1070 recrutas ao programa.

Fonte: 
FirstWord Pharma
Nota: 
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