Medicamento experimental à base de células estaminais dita potenciais avanços no tratamento da esclerose sistémica
Durante a investigação, demonstrou-se a capacidade desta terapia avançada para modular a atividade das células T, o que significa que o medicamento pode ajudar a controlar a resposta imunológica e reduzir a inflamação nos tecidos afetados pela esclerose sistémica.
A esclerose sistémica é uma doença rara que afeta cerca de 2 500 pessoas em Portugal e ocorre frequentemente entre os 25 e os 55 anos, principalmente em mulheres.
Trata-se de uma doença autoimune, em que há uma desregulação do sistema imunitário, com produção de anticorpos contra estruturas do próprio organismo, levando ao endurecimento e espessamento da pele, além de afetar outros órgãos, como os pulmões, o coração e os rins.
Atualmente, as opções terapêuticas para esta doença são limitadas, sendo que, por norma, o tratamento é dirigido a cada órgão envolvido, dado que não existe um tratamento para todas as manifestações da doença. No entanto, a nova descoberta poderá mudar este cenário, ajudando a prevenir as lesões e a retardar a progressão da doença.
“Os resultados deste estudo trazem uma visão otimista sobre como o mecanismo de ação do medicamento experimental (imunomodulação) pode ser clinicamente relevante no tratamento de doenças autoimunes, e em particular da esclerose sistémica”, afirma Carla Cardoso, Diretora de I&D da Crioestaminal.
“Apesar de ser necessário continuar a realizar estudos clínicos para entender melhor o potencial desta abordagem, é importante destacar que os resultados alcançados só foram possíveis graças à colaboração com o CHUC para o desenvolvimento deste estudo inovador”, acrescenta.
O desenvolvimento clínico deste medicamento experimental surge de um dos programas de Investigação e Desenvolvimento (I&D) da Crioestaminal, como possível resposta a várias doenças que não têm uma resposta clínica satisfatória.
Com base nestes resultados, a Crioestaminal planeia dar seguimento ao desenvolvimento de mais estudos in vitro e ensaios clínicos para a esclerose sistémica e outras doenças do foro imunológico e inflamatório, como Lúpus Eritematoso Sistémico, Esclerose Múltipla ou Artrite Reumatoide, de forma a aferir a segurança e eficácia deste medicamento experimental.