Investigação

Mayo Clinic quer desenvolver e testar bioterapias via eletrofiação

O futuro da cura de doenças pode envolver uma seringa, uma fonte de alimentação de alta tensão e soluções poliméricas que se juntam para criar tecidos. Neste momento, os investigadores da Mayo Clinic estão a estudar estes diferentes elementos utilizando um electrospinner, um dispositivo que transforma fibras bioterapêuticas numa estrutura - ou plataforma - para tecer bioterapêuticas regenerativas.

Uma máquina de fiação eléctrica é quase como uma roda de fiar médica ou um tear. Um electrospinner desencadeia forças eléctricas que agitam soluções químicas em nanofibras ou fibras microscópicas. Isto, por sua vez, cria uma base porosa favorável ao crescimento de células de substituição.

Um eletrófilo pode imitar ou produzir uma matriz de proteínas e moléculas que fornecem uma base para o crescimento e desenvolvimento de tecidos, semelhante ao que se encontra no nosso corpo", explica a doutorada Cheryl Myers, imunobióloga da Mayo Clinic, no Arizona, que estuda as aplicações da ciência regenerativa. "É semelhante a quando se constrói uma casa, é preciso ter os alicerces e a estrutura antes de começar a colocar o revestimento nas paredes. A electrospinning fornece a base para o crescimento celular e a regeneração dos tecidos".

A capacidade do organismo para regenerar novas células e tecidos é muito variável. Alguns tecidos, como a pele, têm uma forte capacidade de regeneração. No entanto, os tecidos que não estão ligados ao fornecimento de sangue, como a cartilagem, não se regeneram nem se restauram. Isto pode resultar em doenças como a osteoartrite do joelho ou da anca, que não têm outro tratamento senão a substituição artificial da articulação.

A engenharia de tecidos é uma tecnologia emergente que oferece esperança para a substituição e reparação de células, tecidos ou órgãos danificados. Os cientistas estão também a estudar se a tecnologia de electrospinning pode ser utilizada para regenerar ossos, cartilagens e vasos sanguíneos.

"Dependendo dos tipos de solventes e polímeros (moléculas grandes) utilizados com o electrospinner, é possível tecer uma pequena estrutura de fibras que fornece uma base para tecido de substituição para testar terapias para corações, músculos ou tendões danificados", explica Myers.

Myers e a sua equipa estão a utilizar o electrospinner para testar a capacidade da regeneração de tecidos para curar doenças que atualmente têm poucas opções terapêuticas. Por exemplo, estão a avaliar se a máquina pode tecer tecido que possa ser transformado num implante laríngeo bioimpresso em 3D e restaurar a função de doentes que perderam parte da laringe devido a doença.

A equipa está também a estudar a possibilidade de estas soluções curativas - como pensos cutâneos para curar feridas crónicas que não cicatrizam e que não responderam a outros tratamentos ou pensos ortopédicos para regenerar a cartilagem danificada à volta da coifa dos rotadores no ombro - se podem tornar possíveis através da investigação com o electrospinner.

Tal como acontece com a maioria dos estudos científicos, os investigadores enfrentarão desafios à medida que introduzem novas ferramentas nos cuidados clínicos. Myers e a sua equipa estão a tentar compreender os compostos químicos, os fatores de crescimento e as células necessários para o crescimento dos tecidos. Esta tecnologia necessitaria de mais testes em ensaios clínicos para poder avançar para os cuidados dos doentes.

 
Fonte: 
Mayo Clinic
Nota: 
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