Jovens farmacêuticos querem pacto entre entidades do setor
A Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF) apresentou às principais organizações representativas dos farmacêuticos e da farmácia comunitária uma proposta de agenda conjunta com o objetivo de promover o desenvolvimento pessoal, profissional e social dos farmacêuticos comunitários, independentemente da sua idade. “Acreditamos que é essencial que exista uma reflexão conjunta de todo o setor e uma ação coordenada e colaborativa entre as principais organizações que representam a profissão e a atividade da farmácia comunitária”, diz o presidente da APJF, Lucas Chambel.
“Portugal compara favoravelmente entre os países da União Europeia ao nível da proporção de farmacêuticos por habitante e de farmacêuticos comunitários por farmácia”, reconhece Lucas Chambel. “Ainda assim, é consensual que existem desafios para a atração, retenção e valorização de talento nas farmácias comunitárias, particularmente num contexto em que é altamente desejável e necessária uma maior integração dos farmacêuticos e das farmácias comunitárias no Serviço Nacional de Saúde”.
Para a APJF, “o envelhecimento da força de trabalho da saúde, a crescente evolução científica, técnica e tecnológica, e a pressão a que estão sujeitos os profissionais de saúde são fatores comuns aos diferentes sistemas de saúde, que resultam no abandono das atividades e na diminuição da atratividade das profissões de saúde para os mais jovens”. Para atenuar estes e outros problemas, a associação propõe a criação de um pacto no setor.
“A assinatura de um Memorando de Entendimento ou de uma Carta de Compromisso entre todas as entidades será um sinal importante para os farmacêuticos comunitários, para o setor farmacêutico, para os decisores políticos e para a sociedade em geral”, diz o presidente. E dá o exemplo da iniciativa europeia promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2023, em que os representantes de 50 países assinaram a Declaração de Bucareste: um documento de consenso que sublinha a necessidade de ações políticas direcionadas à atração, recrutamento, retenção, distribuição, ensino e formação de profissionais de saúde.
“Teremos de trabalhar sobre aquelas que são as principais aspirações dos farmacêuticos comunitários, jovens e menos jovens, como as suas condições de trabalho, a necessidade de políticas de conciliação da vida pessoal, familiar e profissional, mas também de procurar consensualizar a nossa visão para a farmácia comunitária, para a sua evolução, qualidade e sustentabilidade”, remata o representante dos jovens farmacêuticos, acrescentando que “estes pontos de convergência são uma base sólida para a definição de um conjunto de princípios que todas as organizações podem defender, respeitadas as competências e responsabilidades de cada uma delas”.
Ainda no âmbito desta iniciativa, a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos lançou um questionário dirigido a profissionais que trabalham ou trabalharam em farmácia comunitária. O questionário tem como objetivo avaliar a perceção dos farmacêuticos comunitários sobre as suas condições de trabalho e de exercício da sua atividade profissional, bem como a sua satisfação e perspetivas sobre a profissão farmacêutica.
“A nossa expectativa é que este estudo possibilite um conhecimento mais aprofundado sobre a perspetiva dos farmacêuticos comunitários acerca da sua realidade profissional e que tal permita identificar oportunidades de desenvolvimento das suas condições de trabalho e da atividade em farmácia comunitária”, explica Ana Rita Rodrigues, vogal da APJF e uma das responsáveis da iniciativa. “Gostaríamos que os resultados fossem apresentados num evento público no qual esperamos que também ocorra a assinatura do pacto com as organizações signatárias”.
De acordo com a APJF, o inquérito estará disponível até ao dia 15 de novembro. A proposta para o pacto foi remetida à Ordem dos Farmacêuticos, ao Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, à Associação de Farmácias de Portugal, à Associação Nacional das Farmácias, à Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia e à Associação Portuguesa de Farmacêuticos para a Comunidade.