15 de outubro

Jornadas de Música e Saúde com concerto comentado no M.Ou.Co.

É um tema – ainda frequentemente – tabu. Mas, por causa da paragem profissional que a pandemia ditou a muitos artistas, e das realidades clínicas que os desconfinamentos foram revelando, a saúde dos músicos está gradualmente a sair dos bastidores e da discrição dos consultórios para ganhar importância pública. E é por isso que assumem uma particular relevância as 1.ªs Jornadas de Música e Saúde, que têm encontro marcado com as comunidades nacionais dos setores musical e clínico já este sábado (dia 15), a partir das 14h00, no M.Ou.Co., no Porto.

Ergonomia e saúde, ansiedade e performance, formação musical e ensino saudável, a condição auditiva dos músicos e técnicas de mindfulness na aprendizagem de instrumentos são alguns dos temas que conduzirão à plateia profissionais de música, estudantes, professores, especialistas de saúde e demais interessados pelas áreas em debate.

Organizado pelo Departamento de Música e Saúde deste espaço multicultural, que engloba uma unidade hoteleira com especial predileção pela cena musical, o encontro fará um raio-x à realidade física, mental e auditiva dos músicos, bem como ao ensino saudável na formação de instrumentistas.

Para fazer o diagnóstico da especialidade e apontar caminhos, em Portugal, as 1.ª Jornadas de Música e Saúde do M.Ou.Co. reúnem um lote de profissionais com trabalho profícuo no atendimento de artistas e em diversos domínios (fisioterapia, ergonomia, audiologia, psicologia e musicologia), entre os quais pós-graduandos da Universidade de Aveiro, bem como professores da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo e da Católica do Porto.

Graças ao reconhecimento da necessidade de uma abordagem especializada e sistematizada sobre a prevenção de problemas e a promoção da saúde e bem-estar dos músicos, “assiste-se um pouco por todo o mundo ao desenvolvimento de várias redes de conservatórios e escolas de música e artes voltadas para o ensino saudável”, lembra Flora Vezzá, coordenadora do evento e responsável pelo Departamento de Música e Saúde do M.Ou.Co., que tem na Clínica da Performance a sua face mais visível.

“A saúde e a longevidade dos performers no exercício de sua arte requerem não apenas a adequação dos cuidados de saúde que lhes são prestados, por profissionais que conheçam e considerem suas necessidades específicas, mas também - e talvez de forma fundamental - atenção à sua formação, para que a construção da saúde ocorra juntamente com a aquisição das habilidades necessárias à performance”, sublinha Flora Vezzá.

Esta doutorada em Saúde Pública e especialista em Fisioterapia Preventiva e Ergonomia (orientada para o desempenho musical) assevera que o atual contexto fornece a rampa certa para o “desenvolvimento de formações orientadas para a capacitação de profissionais de saúde, mas também para a dos próprios performers em todas as suas valências: artistas profissionais e amadores, iniciantes e proficientes”.

A excelência requer do artista dedicação, prática constante e a capacidade física para a recriação do gesto a cada performance, enuncia a mesma responsável, enfatizando que, “quando um problema de saúde afeta o seu desempenho, o apoio de profissionais que estejam cientes das exigências da sua atividade é fundamental”.  O que significa que abordagens especializadas que ofereçam técnicas de tratamento e recomendações adequadas às habilidades tão especiais desenvolvidas na performance podem ser a diferença entre uma recuperação plena e rápida, com retorno ao nível de desempenho anterior. Ou dificuldades e prejuízos no desempenho a médio e longo prazo.

A jornada, que arranca às 14h00 do próximo dia 15, termina com um concerto comentado, às 19h00, sob dinamização de Dreamweapon, o projeto musical psicadélico liderado por André Couto (ex-10000 Russos), que usa sintetizadores, vozes, efeitos, drones e loopstations na criação de experiências envolventes e imersivas. Ao encontro da herança deixada por nomes como Angus Maclise, Tony Conrad ou Spacemen 3.

O minimalismo, a repetição, o mantra, auxiliados pela indução provocada por efeitos de luz estroboscópicos, costumam ser a base para o improviso de Dreamweapon em palco, e, este, a ferramenta para a transcendência.

Fonte: 
MSImpacto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
M.Ou.Co.