Cerimónia da 68.ª edição dos Prémios Pfizer decorreu esta 4ª feira

Já são conhecidos os vencedores dos Prémios Pfizer

Na 68.ª edição dos Prémios Pfizer, o mais antigo galardão na área da investigação biomédica em Portugal, destacaram-se as equipas lideradas pela investigadora Ana Magalhães, do i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, e pelos investigadores Caren Norden, investigadora principal na Fundação GIMM, e Filipe Pereira, do CNC – Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. Os Prémios Pfizer têm como objetivo apoiar e promover a investigação científica em Portugal, destacando a excelência dos investigadores portugueses e contribuindo para o progresso do conhecimento e da inovação na área da saúde.

Os Prémios distinguem um projeto de investigação clínica e dois projetos de investigação básica, totalizando um montante de 60 mil euros. A entrega dos prémios decorreu numa cerimónia que contou com a presença da Secretária de Estado da Saúde, Ana Povo; da Presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, Maria do Céu Machado; e do Diretor Geral da Pfizer Portugal, Paulo Teixeira.

Paulo Teixeira, Diretor Geral da Pfizer Portugal, sublinha: "É com grande entusiasmo que celebramos mais uma edição dos Prémios Pfizer. Estamos profundamente convencidos de que Portugal possui um potencial notável para se estabelecer como um centro de excelência, apoiado na elevada competência dos nossos investigadores e na qualidade das nossas instituições. Os projetos distinguidos representam um contributo valioso para a melhoria da qualidade de vida das populações, reiterando a necessidade de que a saúde e a ciência permaneçam indissociáveis na procura por novas soluções terapêuticas”.

Trabalhos premiados revelam mecanismo que agrava o prognóstico do Cancro do Estômago, migração celular dos Fotorrecetores com impacto negativo na Retina Humana e transformação de Células Tumorais em Células Imunitárias. 

Syndecan-4: Compreensão de um mecanismo molecular que agrava o prognóstico do Cancro do Estômago

O Cancro do Estômago persiste como um desafio de saúde global, com mais de um milhão de novos casos diagnosticados anualmente. Trata-se de uma doença clinicamente desafiante por, frequentemente, apresentar apenas sintomas numa fase avançada da doença. Nos últimos anos, têm surgido evidências científicas de que certas proteínas modificadas com carboidratos complexos (incluindo a classe dos proteoglicanos), quando alteradas, podem desempenhar um papel determinante na progressão dos tumores.

O trabalho premiado, desenvolvido pela investigadora Ana Magalhães e pela sua equipa, identificou que o proteoglicano Syndecan-4 (SDC4) está muito presente em tumores do estômago do subtipo intestinal. O aumento da sua expressão está associado a uma maior invasão das células tumorais e a um pior prognóstico. O estudo demonstra ainda que o SDC4 é transportado por vesículas extracelulares, produzidas pelas células tumorais, e consegue direcioná-las para o fígado e para o pulmão, precisamente os órgãos onde é comum aparecerem metástases de Cancro do Estômago.

“Com estas descobertas, a nossa equipa de investigação contribuiu para a compreensão de um novo mecanismo de comunicação das células tumorais, identificando um potencial alvo para o desenvolvimento de novas terapias que possam travar a formação de metástases e melhorar o prognóstico de doentes com cancro do estômago”, refere Ana Magalhães, Investigadora do i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde e Docente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.

Peixe-Zebra e a Migração Celular dos Fotorrecetores: Implicações para a Retina Humana

O estudo liderado pela Investigadora Caren Norden analisou como a migração dos fotorrecetores – as células responsáveis por detetar a luz, capturar imagens e possibilitar a visão – contribui para o desenvolvimento saudável do olho.

Utilizando o peixe-zebra como modelo para estudar a organização da retina em vertebrados, os investigadores descobriram que os fotorrecetores se movem de forma coordenada: inicialmente afastam-se do local onde foram formados e, em seguida, regressam. Este movimento cria espaço para outras células em divisão e facilita o crescimento organizado da retina.

A migração dos fotorrecetores é impulsionada por diferentes mecanismos celulares, dependendo da direção do movimento. Se esses fotorreceptores não migrassem corretamente logo após a sua formação, poderia haver uma sobrelotação na retina. Isso, por sua vez, poderia interferir na divisão de outras células essenciais que também se dividem na superfície da retina para formar outros tipos de neurónios, resultando numa formação inadequada do tecido e numa retina sem função. Importa realçar que este fenómeno foi também observado em tecido humano e em organoides de retina, que são modelos cultivados a partir de células humanas.

Nos humanos, problemas na migração destes fotorrecetores podem causar doenças na retina ou problemas de desenvolvimento. Caren Norden, Investigadora principal na Fundação GIMM, sublinha que a “combinação do peixe-zebra com modelos de cultura celular humana permite uma melhor compreensão do desenvolvimento da retina humana, uma vez que os resultados obtidos com o peixe-zebra podem servir para tornar os estudos com tecido humano mais direcionados e comparativos. Juntas, estas pesquisas inter-espécies fornecem uma base para avançar na compreensão da biologia da retina, levando a novas estratégias terapêuticas”.

Resposta Imunitária contra o Cancro: Transformar Células Tumorais em Células Imunitárias

O nosso sistema imunitário trava uma batalha constante contra o cancro, recorrendo a mecanismos que lhe permitem identificar e eliminar as células tumorais. No entanto, estas células desenvolvem estratégias que lhes permitem escapar ao reconhecimento por parte do sistema imunitário, evitando assim a sua destruição. O sistema imunitário prevalece quando as suas células são capazes de reconhecer os antigénios presentes nas células tumorais — proteínas específicas na superfície celular que distinguem células saudáveis de células anormais.

Constituindo um tipo de células imunitárias com a capacidade de processar e apresentar antigénios, as células dendríticas coordenam a imunidade antitumoral. O estudo premiado fornece um novo trunfo para desenvolver uma resposta imunitária contra o cancro. A base desta investigação baseia-se na ideia de que é possível mudar a identidade celular – ou seja, uma célula pode ser transformada numa célula diferente através de um processo chamado reprogramação celular.

A obtenção de resultados prévios permitiu aos investigadores saber quais os reguladores que impunham uma identidade de célula dendrítica. Assim, neste estudo, foi possível reprogramar células de cancro (humanas e de ratinhos) em células que apresentam antigénios tumorais. “Os resultados foram promissores: quando as células reprogramadas foram injetadas em ratinhos com tumores, houve uma redução no crescimento dos tumores, um aumento na sobrevivência dos animais e uma melhor resposta a tratamentos de imunoterapia já existentes”, destacou Filipe Pereira, Investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. 

Fonte: 
Pfizer Portugal
Nota: 
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Foto: 
Pfizer Portugal