Investigadores identificam um novo gene que pode aumentar o risco de ELA
O gene, chamado TP73, produz uma proteína que ajuda a regular o ciclo de vida de uma célula. Os investigadores da Universidade do Utah descobriram que algumas pessoas com ELA têm mutações neste gene e que estas podem interferir com a saúde das células nervosas.
A Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa rara e progressiva que afeta as células nervosas do cérebro e da medula espinhal. Estes doentes perdem a capacidade de iniciar e controlar o movimento muscular, o que muitas vezes leva à paralisia total e à morte. Tanto os fatores genéticos como ambientais podem contribuir para o desenvolvimento da doença.
Estima-se que 15% dos casos diagnosticados corresponda a uma forma da doença familiar, isto é, quando uma pessoa tem mais do que um membro da família que também tem a doença. Casos sem causa genética conhecida são designados esporádicos.
"Ainda se desconhece muito sobre a genética e os processos que levam ao desenvolvimento da ELA", diz a autora do estudo, Lynn B. Jorde, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos.
Embora as variantes genéticas conhecidas sejam decisivas em 68% dos casos de ELA familiares, elas representam apenas 17% da ELA esporádica, embora se acredite que até 61% da ELA esporádica é influenciada por fatores genéticos", continua. O nosso estudo identificou um novo fator de risco genético para ELA esporádica, mutações raras no gene TP73. Também descobrimos que as mutações neste gene têm um efeito prejudicial na função proteica e que a proteína criada por este gene é necessária para a saúde das células nervosas."
Para o estudo, os investigadores recolheram uma amostra de sangue de 87 pessoas com ELA esporádica. De seguida usaram uma técnica chamada sequenciação de exoma para examinar os genes de codificação de proteínas de cada participante. Neste grupo, os investigadores descobriram que cinco pessoas tinham mutações raras no gene TP73.
Os investigadores examinaram ainda dois outros grupos com ELA esporádica, totalizando quase 2.900 pessoas, e encontraram outras 19 pessoas com mutações raras no gene TP73. Quando os investigadores examinaram os genes de um grupo de controlo de 324 pessoas sem ELA, não encontraram mutações em TP73. No laboratório, os investigadores fizeram experiências adicionais em células e descobriram que quando havia mutações no gene TP73, a diferenciação anormal das células e o aumento da morte celular ocorreram.
Eles também usaram a tecnologia de edição de genes CRISPR para remover o gene TP73 e descobriram que isso levou a uma alteração no desenvolvimento de células nervosas, semelhante ao que é visto na ELA. "Juntos, os nossos resultados sugerem fortemente que as mutações no gene TP73 aumentam o risco de Esclerose Lateral Amiotrófica", diz Jorde.
“A nossa pesquisa indica que a morte celular ligada a estas mutações pode ser um fator no desenvolvimento do ELS. Esta descoberta fornece um novo alvo para os investigadores que trabalham no desenvolvimento de terapias para retardar ou mesmo parar a progressão da doença”, conclui.