Investigadores descobrem estruturas semelhantes a nódulos linfáticos num tipo de tumor cerebral
O Glioma é um tumor cerebral mortal com um prognóstico muito reservado. Uma das razões pelas quais os tumores cerebrais são muito difíceis de tratar é que o nosso sistema imunitário, projetado para detetar e destruir células estranhas, incluindo células cancerígenas, não consegue chegar facilmente ao local do tumor devido às barreiras que rodeiam o cérebro.
Para combater um tumor em desenvolvimento, as células imunitárias assassinas, como os linfócitos T, devem ser ativadas e preparadas nos nossos nódulos linfáticos, antes de se deslocarem ao local do tumor para matar eficazmente as células cancerígenas.
No estudo agora publicado na revista Nature Communications, os investigadores descrevem a presença no cérebro de estruturas semelhantes aos nódulos linfáticos onde os linfócitos T poderiam ser ativados.
"Foi extremamente emocionante descobrir pela primeira vez a presença de estruturas semelhantes a nódulos linfáticos em doentes com glioma. Estas estruturas são conhecidas como estruturas linfoides terciárias (TLS) e não são encontradas em indivíduos saudáveis. Eles têm todos os componentes necessários para apoiar a ativação do linfócito no local, o que significa que podem ter um efeito positivo na resposta imune anti-tumor", diz Alessandra Vaccaro, estudante de doutoramento do Departamento de Imunologia, Genética e Patologia e primeira autora do estudo.
Os investigadores também mostraram que a formação de TLS no cérebro pode ser induzida por um tipo de imunoterapia em ratos portadores de glioma. Na verdade, quando trataram os ratinhos com anticorpos imunoestimuladores chamados αCD40, a formação de TLS foi melhorada, ocorrendo sempre na proximidade de tumores.
"Aprender que as imunoterapias podem modular a formação de estruturas linfoides terciárias no cérebro oferece oportunidades excitantes para encontrar novas formas de regular a resposta imune anti-tumoral no glioma", diz Anna Dimberg, que liderou o estudo.
O αCD40 está atualmente a ser testado para tratar tumores cerebrais em vários ensaios clínicos. No estudo agora publicado, os investigadores descobriram que, embora o αCD40 impulsionasse a formação de TLS, também inibiu de forma contraproducente a capacidade de matar tumores dos linfócitos T, o que mostra os efeitos multifacetados desta terapia.